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Não vou ameaçar nenhum ministro publicamente, diz Bolsonaro sobre Vélez

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) e Ricardo Vélez Rodríguez, ministro da Educação - Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) e Ricardo Vélez Rodríguez, ministro da Educação Imagem: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

28/03/2019 11h30Atualizada em 28/03/2019 15h32

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) declarou hoje que não irá ameaçar nenhum ministro publicamente ao ser questionado sobre a crise instalada no Ministério da Educação e a permanência do ministro Ricardo Vélez Rodriguez no cargo.

Segundo o presidente, Vélez é "novo no assunto" e não tem tato político. Em São Paulo ontem, quando começaram rumores de que Vélez seria exonerado, Bolsonaro disse que jamais demitiria alguém por telefone nem faria ameaças aos ministros em público.

"Estou tomando pé da situação. Não procede a informação de ontem de que ele teria sido exonerado. Jamais exonerar alguém pelo telefone. Temos conversado juntamente com outros ministros e é educação, né? Tem que dar certo no Brasil. É um dos ministérios mais importantes", declarou.

"Tem problemas, eu sei. Ele é novo no assunto. Não tem o tato político. Vou conversar com ele e tomar a decisão que tem que tomar. Não vou ameaçar aqui nenhum ministro publicamente. Tá certo? Vamos conversar e, se tiver qualquer coisa que não esteja dentro da normalidade, a gente acerta", acrescentou.

A situação do ministro no cargo, portanto, continua indefinida.

Hoje pela manhã, Bolsonaro participou de cerimônia em Brasília do aniversário da Justiça Militar da União e recebeu uma condecoração da Ordem do Mérito Judiciário Militar. Também estiveram presentes o vice-presidente, general Hamilton Mourão (PRTB), o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), o ministro da Justiça, Sergio Moro, e a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, entre outras autoridades, como os comandantes das Forças Armadas.

Rodrigo Maia foi convidado a receber a medalha pelo terceiro ano consecutivo, mas não respondeu ao convite, segundo a assessoria do STM (Superior Tribunal Militar).

Jornalista disse que demissão era certa

A saída do ministro, à frente de um MEC paralisado por uma série de crises, demissões e recuos, havia sido divulgada ontem pela jornalista Eliane Cantanhêde na Globonews.

Bolsonaro publicou uma foto da TV com a notícia da demissão e falou em "fake news".

Minutos antes, a informação havia sido negada também pela Casa Civil ao UOL.

Mais cedo, ao participar de audiência na Câmara dos Deputados, Vélez havia dito que o cargo é "um abacaxi", mas negou que o abandonaria.

Vélez Rodríguez está no centro de uma crise que se arrasta há pelo menos um mês no MEC.

Em fevereiro, o ministro se viu pressionado a recuar da decisão de pedir a escolas que filmassem alunos cantando o hino nacional.

Ontem, foi demitido o presidente do Inep, instituto responsável por avaliações como o Enem e o Sistema de Avaliação da Educação Básica.

A medida foi resposta a nova saia justa no MEC: a decisão (da qual Vélez recuou em seguida) de adiar a avaliação de crianças em fase de alfabetização.

Levantamento do jornal O Estado de S.Paulo contabiliza em seis os recuos da pasta neste início de governo, além de 15 exonerações.

Vélez tem sofrido com disputas internas dentro de seu ministério que resultaram em uma série de exonerações de servidores ligados ao escritor Olavo de Carvalho e à ala dos militares foram exonerados.

Em meio à crise, houve expectativa de que o próprio Vélez pudesse ser demitido e substituído por outro nome indicado por Olavo de Carvalho, "guru" intelectual de Bolsonaro.