Ministro Vélez diz que pedido para entoar slogan de Bolsonaro foi "erro"
O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, afirmou hoje que o pedido feito pelo MEC para que escolas filmassem crianças cantando o Hino Nacional e entoando o slogan da campanha do presidente Jair Bolsonaro (PSL) sem autorização dos pais foi um "erro". A declaração foi feita pouco antes de o ministro participar de uma audiência na Comissão de Educação do Senado.
"Eu percebi o erro e tirei essa frase ["Brasil acima de tudo. Deus acima de todos"], tirei a parte correspondente à parte de filmar as crianças sem autorização dos pais. Se alguma coisa for publicada será dentro da lei. Com autorização dos pais", disse o ministro antes do início da audiência pública no Senado. Questionado por senadores no início da tarde, o ministro reafirmou: "Slogan de campanha foi um erro. Já tirei, reconheci, foi um engano, tirei imediatamente. E quanto a filmagem, só será divulgada com autorização da família".
Na manhã de hoje, o MEC divulgou uma versão atualizada da carta assinada por Vélez, já sem o pedido para reproduzir o slogan de campanha de Bolsonaro.
O texto, que falava em "saudar o Brasil dos novos tempos", agora fala apenas em "saudar o Brasil". "A carta a ser lida foi devidamente revisada a pedido do ministro, após reconhecer o equívoco, tendo sido retirado o trecho também utilizado durante o período eleitoral", diz o comunicado do MEC.
A nova nota faz referência à necessidade de autorização dos responsáveis para filmagem dos estudantes e mantém o pedido para que as escolas gravem o evento no primeiro dia de volta às aulas e enviem o vídeo para o ministério.
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Na segunda-feira (25), o MEC enviou uma carta a escolas de todo o Brasil pedindo que os alunos fossem perfilados para cantar o Hino Nacional e lerem o slogan da campanha do presidente Jair Bolsonaro (PSL).
A carta pedia ainda que os diretores das escolas filmassem os alunos cantando o hino e lendo trechos da carta enviada e que os vídeos fossem enviados à assessoria de imprensa do MEC ou à Secretaria de Comunicação da Presidência da República.
Juristas afirmam que a prática pode ser considerada um ato de improbidade administrativa. Em nota enviada ontem, o MEC disse que a carta fazia parte de uma política de incentivo e valorização dos símbolos nacionais.
Medida gerou crítica entre entidades e pais de alunos
A medida do Ministério da Educação provocou reações no meio educacional e entre pais de estudantes. O Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação disse, em nota, que a ação fere não apenas a autonomia dos gestores, mas dos entes da Federação. O Movimento Escola sem Partido também criticou a medida nas redes sociais.
"O ambiente escolar deve estar imune a qualquer tipo de ingerência político-partidária", disse o Consed. Para o órgão, o Brasil precisa, "ao contrário de estimular pequenas disputas ideológicas na Educação", priorizar a aprendizagem.
Segundo o diretor de Políticas Educacionais do Todos pela Educação, Olavo Nogueira Filho, mesmo que o pedido tenha caráter voluntário, é uma ação "sem precedentes no passado recente brasileiro". O que essa ação reforça, para ele, é que o MEC caminha no sentido contrário do que precisa ser foco. "É desvio do que é essencial. O MEC tem se silenciado até aqui a respeito de temas urgentes." (*Com informações da Agência Estado)
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