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Quem não estiver satisfeito com o MEC será tirado, diz novo ministro

Quem não estiver satisfeito com o MEC será tirado, diz novo ministro

UOL Notícias

Alex Tajra

Do UOL, em São Paulo

09/04/2019 18h31

Durante a cerimônia de transmissão de cargo de ministro da Educação, o novo titular da pasta, Abraham Weintraub, afirmou que os funcionários que não estiverem contentes com as diretrizes devem deixar suas funções. Weintraub disse estar aberto ao diálogo, mas que suas ações estão pautadas pelo "topo do time." "Não existe hipótese de haver discordância", afirmou o ministro.

"A gente vai pacificar o MEC. E como funciona a paz? A gente está decretando, a partir de agora, que o MEC tem um rumo e uma direção. Quem não estiver satisfeito com ela, avise, porque vai ser tirada. (...) Posso ter posições diferentes do que o [presidente Jair] Bolsonaro acha, mas eu tenho só duas alternativas: ou obedeço ou saio fora", disse o novo ministro. "Isso não quer dizer que somos autoritários."

Antes de começar seu discurso, Weintraub afagou o ex-ministro Ricardo Vélez Rodríguez, afirmando que este não fez um trabalho ruim à frente da pasta. "A saída dele não significa que ele fez um mau trabalho.", disse, após fazer analogia com uma substituição de um jogador em um time de futebol.

O senhor sai pela porta da frente, é uma ótima pessoa, um intelectual capaz, um homem inteligente e o senhor continua com as portas abertas no MEC", elogiou Weintraub.

Durante o pronunciamento, o ministro combinou falas duras com propostas de diálogo e conversa, mesmo com setores divergentes. "Estamos abertos ao diálogo, a gente vai escutar as posições mesmo se tiver posições ideológicas diferentes. (...) A gente veio aqui pra pacificar, então quem quiser continuar essa guerra, está fora, não tem segundo aviso."

Weintraub reiterou um discurso constante nos argumentos do presidente Jair Bolsonaro (PSL), que aponta o Brasil como um país que "gasta como país rico e tem indicadores de país pobre".

Para melhorar os indicadores, o ministro afirma estar aberto a outras opiniões. "Podem ser olavistas, podem ser militares, podem ser de esquerda, desde que estejam aberto ao diálogo. Não sou radical, só sou radical em minha tolerância."

'Lava Jato' da educação e escolas militares

Discursando em tom de ministro, Vélez Rodríguez afirmou, antes de passar o bastão para o novo titular, que a pasta está empenhada em dois objetivos: realizar uma ampla fiscalização no uso de dinheiro público em universidades federais nos últimos anos, o que chama de "Lava Jato" da educação; e a ampliação de escolas públicas com modelo militar.

"Já entregamos ao ministro Moro o primeiro pacote, e virão outros. Estamos analisando detalhadamente em cada uma das secretarias como ocorreu nos últimos anos o manejo do dinheiro público. As más práticas não estamos tolerando, estamos descredenciando as universidades avançaram no sinal", disse o ex-ministro.

"Muita gente diz: 'foi desmontada'. Mentira, continua", disse Vélez sobre a "Lava Jato" do MEC. Vélez ainda utilizou o espaço para elogiar o seu próprio trabalho, afirmando que Weintraub encontrará a "casa em ordem, com as cinco secretarias funcionando a contento."

Para Vélez, a melhora da educação no país passa pelo setor privado. Segundo ele, que encontrou-se com empresários no fim de semana, os jovens que entram no mercado de trabalho têm de obedecer às "necessidades econômicas das empresas."

Pouco antes de repassar o microfone para o novo ministro, Vélez mais uma vez citou um dos pilares da política educacional de Bolsonaro, a expansão do modelo militar em escolas públicas. O colombiano afirmou que o ministério vai continuar a auxiliar municípios que queiram transformar suas escolas públicas em escolas cívico-militares.

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