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Contra cortes e em defesa das federais, estudantes vão às ruas pela 3ª vez

Em maio, estudantes também protestaram contra os bloqueios - AFP
Em maio, estudantes também protestaram contra os bloqueios Imagem: AFP

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

13/08/2019 04h00Atualizada em 13/08/2019 10h10

Estudantes, professores e centrais sindicais voltam às ruas hoje, pela terceira vez, para protestar contra o bloqueio de verbas imposto pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL) para a área da educação.

O ato foi convocado pela UNE (União Nacional dos Estudantes) e tem adesão de entidades como a Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) e o CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação).

"Estamos indo de novo às ruas porque o dinheiro das universidades continua bloqueado. Vamos continuar reivindicando a verba da educação", diz Iago Montalvão, presidente da UNE.

Apesar de o desbloqueio ser a principal reivindicação dos estudantes, segundo Montalvão, pautas como a defesa da ciência e da autonomia universitária também fazem parte do ato.

Segundo ele, a UNE vê risco de privatização das universidades públicas por meio do Future-se, programa do MEC que quer aumentar a captação de recursos privados nas universidades federais.

"O Future-se é um projeto que foi proposto sem o devido diálogo com a comunidade acadêmica e com propostas com as quais nós temos discordâncias. Ele inflama ainda mais essa mobilização", afirma.

Primeiro projeto do governo Bolsonaro para o ensino superior, o Future-se prevê a contratação de OSs (Organizações Sociais) para a gestão das universidades, atuando desde a administração financeira dessas instituições até no ensino.

Para a UNE, essa proposta representa um risco de retirada da autonomia das universidades.

"Não ficou claro qual é o papel dessas OSs nas universidades e que tipo de gestão elas fariam. Nossa preocupação é que essas OSs tirem a autonomia universitária para criar uma administração paralela dentro das universidades", pontua Montalvão.

A entidade aposta na repercussão de declarações recentes de Bolsonaro como combustível para a adesão aos protestos de hoje. Exemplos disso, segundo Montalvão, seriam as falas do presidente sobre Fernando Santa Cruz, opositor do regime militar que foi morto durante a ditadura, e a demissão de Ricardo Galvão do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

"Quando ele fala do Fernando Santa Cruz, quando ele demite o Galvão do Inpe, são pautas que levantam preocupações em setores novos da sociedade. Essas pessoas podem vir agora para a rua pela primeira vez, inclusive", diz Montalvão.

Até as 17h de ontem, mais de 140 cidades haviam confirmado a realização de atos, segundo um levantamento da própria UNE.

Em Brasília, a Força Nacional foi autorizada a fazer a segurança dos entornos do prédio do MEC, na Esplanada dos Ministérios. A autorização consta de um decreto assinado na semana passada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.

A UNE recorreu à Justiça para impedir a autorização, que defende ser ilegal. Na noite de ontem, o ministro Sérgio Kukina, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), negou o pedido.