Professor "cava" pênalti para incluir aluno cadeirante em jogo de futebol
Um vídeo registrado da varanda de um prédio de Curitiba mostra uma cena curiosa na quadra da escola municipal Sidônio Muralha. O professor de educação física Rogério Veiga, de 34 anos, interrompe a partida de futebol de uma turma e auxilia um aluno em cadeira de rodas para cobrar um pênalti com as mãos. O gesto viralizou nas redes sociais na última semana.
O caso aconteceu na sexta-feira, dia 22 de novembro. O professor viu Rikelmy Trevisan, de 7 anos, sozinho e decidiu incluí-lo no jogo de futebol. Ele levou o aluno, que não tem os movimentos das pernas, até a marca do pênalti e o auxiliou na cobrança. A bola foi para dentro das redes e todos os colegas comemoram, incluindo os do time que sofreu o gol.
"Naquele momento fui ajudar o Rikelmy, um aluno cadeirante. Sempre falo para os meninos o incluírem. Apesar de jogar com as mãos, é o jeito dele, mas as crianças nesta idade querem jogar. Então, eu fui ajudá-lo. Arrumei um pênalti e o fiz bater. Todos comemoraram, foi muito legal", conta o professor.
'Mamãe, não posso faltar à aula'
Rikelmy nasceu com mielomeningocele, que é a má formação da coluna vertebral, o que deixou sem mobilidade das penas. O menino ainda tem hidrocefalia. Mesmo assim, não gosta de perder as aulas de educação física, segundo a mãe, a vendedora Anna Souza, de 29 anos.
Ela conta que ficou feliz ao ver o filho incluído nas atividades com os demais alunos. "Eu vi e achei muito bonito o gesto do professor com o Rikelmy. Meu filho gosta bastante das aulas dele. Quando chega sexta-feira, que é o dia da educação física, ele acorda sempre disposto para ir à escola e diz 'mamãe, não posso faltar'".
Apaixonado por futebol, o são-paulino Rikelmy tem o nome em homenagem ao ex-jogador argentino Juan Román Riquelme. Para a mãe, a inclusão do filho no esporte preferido dele mostra que ele não é "tão diferente" dos colegas.
"Ele gosta muito de futebol, assiste e brinca de bola em casa mesmo com toda a limitação. Eu achei muito legal essa inclusão porque assim não se sentiu tão diferente das outras crianças, apesar de suas limitações. Foi um gesto muito bonito", conclui a mãe.
Exemplo para os colegas
Segundo Veiga, Rikelmy é um dos alunos mais ativos durante as aulas, principalmente quando envolve futebol. O garoto está no terceiro ano do ensino fundamental. O professor considera que a força de vontade da criança com as atividades físicas acabou virando exemplo para demais colegas também participarem.
"O Rikelmy não tem mobilidade nas pernas, tem hidrocefalia, um problema na coluna e nada disso o impede de ser uma criança feliz. Fiquei impressionado quando o conheci. É bem esperto e vive rindo. Ele nunca fica parado, sempre quer participar de tudo. É um exemplo para muitas crianças e adultos que não gostam de participar de uma atividade física", avalia Veiga, que revela ter ficado surpreso com a repercussão do vídeo.
As imagens foram gravadas pelo designer gráfico Reimackler Graboski, de 40 anos. Ele vibrou com a cena. "O aluno tentou entrar em quadra e ninguém tocou a bola, então, peguei meu celular e resolvi gravar. Quando liguei a câmera, foi o momento que o professor o pegou e o inseriu para participar do jogo. O professor arrumou um pênalti e o menino fez o gol. A comemoração dos colegas que me marcou. Vibrei tanto que até chamei um palavrão. Resolvi publicar porque ações assim incentivam outras a fazer o bem", destacou.
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