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Sem remédio de covid-19, reitora da UFRJ descarta retorno completo em 2020

Denise Pires de Carvalho, reitora da UFRJ - Ilan Pellenberg/FramePhoto/FOLHAPRESS
Denise Pires de Carvalho, reitora da UFRJ Imagem: Ilan Pellenberg/FramePhoto/FOLHAPRESS

Do UOL, em São Paulo

27/05/2020 08h20

A reitora da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Denise Pires de Carvalho, descartou um retorno das atividades com as turmas completas neste ano, a menos que um remédio contra o novo coronavírus seja encontrado.

"É muito difícil imaginar como a curva vai evoluir na cidade do Rio. Mas ensino presencial com turmas completas, com certeza, não há chances. A menos que se descubra um medicamento ou uma associação medicamentosa que cure a doença. Esse medicamento não existe ainda", disse em entrevista ao jornal O Globo.

"Ainda sou otimista: se encontrar até agosto, setembro, um coquetel de medicações que controle o vírus, pode ser que se retorne ainda em 2020. A vacina é praticamente impossível acontecer esse ano. Ou encontramos medicação ou não haverá retorno completo", acrescentou.

Segundo ela, as atividades presenciais para o semestre são pensadas para turmas menores, para estudantes com dificuldades de acesso à internet.

"Mesmo a UFRJ fazendo um esforço de inclusão digital, há endereços nos quais a banda larga não chega. O Rio tem uma geografia muito especial. Então, imagina: num sala de 100 alunos, dez que não tiveram como cursar a disciplina poderão fazer presencialmente em salas com janelas abertas, uso de equipamentos de proteção individual, distanciamento social. Turmas de 150, 100 alunos, como temos, não vai poder acontecer", avalia.

Ela explicou que a universidade começa a estruturar a partir dessa semana um grupo de estudo pós-pandemia e que imagina um ensino remoto "emergencial híbrido" para acontecer em cerca de dois meses.

"Nós estamos imaginando um ensino remoto emergencial híbrido, de forma que os estudantes assistam às aulas em tempo real com o professor, mas que essas aulas também fiquem gravadas para que o ensino possa acontecer de forma assíncrona. Ou seja, depois o estudante pode rever a aula ou assistir em outro momento porque há aluno que não tem tranquilidade em casa para estudar naquele momento devido a incômodos de suas casas."

Primeira mulher a ocupar o cargo, Denise ainda defendeu o adiamento do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Inicialmente, o exame ocorreria em novembro, mas foi adiado por 30 a 60 dias.

Ela avaliou que seria "impossível" realizar a prova em novembro em cidades como o Rio e que era "um pouco irresponsável" manter a data pela dificuldade de estudo e pelo local de prova.

Na avaliação da reitora, o país não tomou as medidas adequadas para conter a pandemia e criticou quem minimiza a doença, que pode ser fatal.

"Como escolhemos, como país, não adotar essas medidas, o número de casos vai ficar alto por alguns meses em algumas cidades e talvez se alastre por todas as cidades brasileiras. O Brasil talvez seja um caso único de ondas de mortes pela covid-19 porque não temos ação de restringir a doença em algumas cidades e regiões. Há um movimento contrário, que banaliza, minimiza, que diz que tem medicação quando não tem medicação, que diz que não é uma doença grave quando ela mata."