Covas decide manter aulas presenciais em SP apenas para o ensino médio
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), anunciou hoje que não haverá nova flexibilização das aulas na capital paulista em dezembro. Apenas as aulas regulares para o ensino médio, portanto, continuarão com autorização para acontecer de forma presencial.
Para os ensinos infantil e fundamental, permanecerá a autorização para a realização de atividades extracurriculares (como aulas de música, dança ou línguas) e de acolhimento de forma presencial. As regras valem para as escolas públicas e particulares localizadas na capital paulista.
Covas argumentou que há estabilidade dos casos de coronavírus na cidade de São Paulo e que, por isso, "não é o momento de ampliar a flexibilização". O prefeito declarou ainda que, apesar de não haver nova flexibilização na educação, "não há nenhuma necessidade de retroceder".
"Vamos continuar no mesmo estágio, com as mesmas atividades abertas, com o mesmo protocolo a ser respeitado", disse.
Embates sobre segunda onda em SP
O anúncio de Covas acontece em meio a um embate sobre uma possível segunda onda de casos da covid-19 na cidade de São Paulo.
Nas últimas semanas, pelo menos três colégios particulares da cidade de São Paulo decidiram suspender as aulas por avaliarem que havia riscos de contaminação pelo coronavírus. Dois deles registraram casos de covid entre alunos.
Dados da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) apontam que houve crescimento de 29,5% nos novos casos de covid, nos primeiros 17 dias de novembro, em comparação com o mesmo período no mês de outubro.
O prefeito, no entanto, afirma que "há uma estabilidade na pandemia" e que "não há uma segunda onda [de covid-19] na cidade".
Segundo a Prefeitura, os índices de internação na capital tiveram oscilações durante toda a pandemia e o aumento atual se deve, principalmente, por movimentos migratórios (movimentação de pessoas de outras cidades) e pelo relaxamento da população em medidas de prevenção, com aglomerações em bares, festas e até em domicílios.
O secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, afirmou ainda que a rede pública da capital tem 45% de ocupação de UTIs em leitos para a covid-19, enquanto a rede privada tem 76%.
Bares x escolas
O secretário municipal de Educação, Bruno Caetano, defendeu a decisão da Prefeitura por suspender novas flexibilizações para as escolas, mas manter a liberação de funcionamento de estabelecimentos como bares, restaurantes e academias.
"A Prefeitura tem trabalhado com as equipes das subprefeituras e da vigilância sanitária para coibir os abusos nas atividades que já foram flexibilizadas, e também nós observamos o comportamento da educação em vários lugares do mundo", disse.
Segundo Caetano, as ações da Prefeitura têm como objetivo evitar o que aconteceu na cidade de Nova York, nos Estados Unidos —ontem, o prefeito Bill de Blasio voltou a suspender as aulas presenciais nas escolas públicas devido a um aumento nos casos de coronavírus.
Já o secretário municipal de Saúde afirmou que, enquanto a Europa tratou a educação "como se fosse um setor econômico", o mesmo não aconteceu na cidade de São Paulo. "Tratamos a educação de forma absolutamente diferenciada", disse Edson Aparecido.
O secretário afirmou ainda que, de acordo com os resultados dos inquéritos sorológicos realizados pela Prefeitura, cerca de 70% das crianças e jovens são assintomáticos quando infectados com o coronavírus. "A não volta às aulas não é só a proteção à criança", disse, afirmando se tratar de proteção também aos professores.
Ao segurar a flexibilização das escolas, mas manter a liberação de funcionamento de estabelecimentos como bares e academias, a cidade de São Paulo vai na contramão do que tem sido feito na Europa, por exemplo.
Em meio a novas restrições impostas para conter o avanço recente da covid-19, países como França e Alemanha decidiram manter as escolas abertas, enquanto bares, restaurantes, academias e teatros foram fechados.
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