82% das cidades paulistas interromperam aulas presenciais, diz TCE
Dados do TCE-SP (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo) apontam que 82,14% (529) dos municípios de São Paulo decidiram interromper totalmente as aulas presenciais em abril. A capital paulista não faz parte do levantamento.
O levantamento não especifica o contingente de alunos afetados, porém, a título de comparação, segundo o Censo Escolar de 2020, cerca de 3,1 milhões de estudantes são da rede municipal no estado, com exceção das escolas da capital. Outros 3,4 milhões são da rede estadual.
Segundo o TCE-SP, as aulas foram suspensas devido ao avanço do número de casos confirmados de covid-19. Ao todo, o país acumulava até ontem mais de 455 mil óbitos pela doença desde o início da pandemia, segundo dados do consórcio de veículos de imprensa, do qual o UOL faz parte.
A capital paulista não faz parte dos municípios fiscalizados, mas está com aulas presenciais desde o dia 12 de abril. A Prefeitura de São Paulo teve o primeiro retorno presencial no dia 15 de fevereiro, depois, foi decidido antecipar o recesso escolar de julho para março, tendo seu retorno em abril.
O TCE também apontou que em apenas 37 cidades não houve suspensão das aulas. Os municípios podem decidir ter aulas presenciais, mas é preciso seguir os protocolos sanitários definidos pelo Plano SP.
O movimento de abre e fecha das escolas é visto por diversos especialistas como prejudicial à aprendizagem dos estudantes.
"No mundo, o que sabemos é que a escola nunca fecha totalmente, sempre tem uma porcentagem que funciona e ela é a primeira a retornar, mas no Brasil não", disse Kátia Stocco Smole, conselheira do Conselho Estadual de Educação de São Paulo e diretora do Instituto Reúna.
O painel de monitoramento do TCE também trouxe dados de municípios que possuem planos de retomada para as escolas. Apesar de 88% das cidades paulistas afirmarem possuir o documento, menos da metade, 44%, divulgaram o material na internet, por exemplo.
Para Kátia, é necessário um planejamento "sistêmico" e "coordenado". "A escola é essencial e precisa funcionar. O aluno do Fundamental ainda terá nove anos para recuperar, e o que acontece com o jovem do Ensino Médio? Ele vai ter três anos para aprender os conteúdos daquela etapa e o que perdeu", apontou.
Segundo a conselheira, países com melhores índices em avaliações de aprendizagem fecharam escolas por menos tempo, cerca de 90 dias, como Alemanha, Suécia e Cingapura.
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