Prefeito: Ribeiro falou em 'estreitar laços' antes de pastor pedir propina
O prefeito de Bonfinópolis (GO), Professor Kelton Pinheiro (Cidadania), é um dos 10 que já afirmou que pastores atuaram na intermediação de recursos ou no acesso direto ao ministro da Educação, Milton Ribeiro.
Em entrevista ao UOL News, ele relatou uma suposta reunião que teve a participação de Ribeiro, dos pastores Arilton Moura e Gilmar Santos, técnicos do MEC e outros prefeitos. Segundo Pinheiro, foi depois desse encontro, já fora do ministério, que Moura lhe pediu propina de R$ 15 mil para a liberação de verbas pela pasta.
Kelton Pinheiro afirmou que, inicialmente, foi abordado por uma pessoa ligada à igreja de Milton Ribeiro que sondou o interesse dele em se encontrar com o ministro. Dois dias depois, o prefeito disse que esteve na sede da igreja do pastor Gilmar, onde também se encontrou com Arilton.
"Arilton chegou e disse: 'estamos com uma verba no Ministério da Educação que a gente pode canalizar para o seu município. Temos um acesso muito bom com o ministro. Você tem interesse em agenda com ele?'; respondi que sim", afirmou o político ao UOL News.
Na reunião com Milton Ribeiro e os outros prefeitos, Pinheiro disse que o ministro os "recebeu bem" e apresentou as demais autoridades presentes, incluindo os dois pastores evangélicos.
"O ministro usou um discurso incisivo de que o governo Bolsonaro está combatendo a corrupção, que já nos últimos anos isso tinha acabado no Brasil", relatou.
Mas o que mais chamou a atenção foi que o ministro disse: 'o motivo dessa reunião é para estreitar os laços entre município e MEC; vocês não precisam de atravessadores ou lobistas para chegar até o Ministério da Educação. Professor Kelton Pinheiro (Cidadania), prefeito de Bonfinópolis (GO)
Após a reunião, Pinheiro afirmou que foi convidado para almoçar com o pastor Arilton e outros prefeitos. Segundo ele, foi em um restaurante de Brasília que aconteceu o pedido de propina.
"Percebi a movimentação do pastor Arilton passando pelas mesas e tendo conversas individuais até chegar onde eu estava sentado."
Ele foi bastante direto, dizendo: 'prefeito, vai ser papo reto. Tem um recurso para liberar, você me disse que precisa de uma escola no município. Temos uma escola de R$ 7 milhões, mas preciso que você me dê R$ 15 mil, hoje, na minha mão. Professor Kelton Pinheiro (Cidadania), prefeito de Bonfinópolis (GO)
O pastor, segundo o prefeito, alegou que sem o dinheiro não poderia garantir "seu nome (Pinheiro) nas prioridades no ministério". "[Ele disse que o pagamento era naquele dia mesmo] porque prefeito, se deixar para pagar depois, não paga. 'Político é tudo malandro, vocês não têm palavra.'"
PF investiga suposta corrupção no MEC
A Polícia Federal abriu ontem um inquérito para apurar suspeitas de corrupção envolvendo verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), ligado ao MEC (Ministério da Educação). O pedido de inquérito foi feito pela Controladoria Geral da União (CGU).
Porém, paralelamente, existe um inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal) que apura a possível participação do ministro no caso. Ontem, a ministra Cármen Lúcia, do Supremo, entendeu que é "imprescindível" investigar todos os possíveis envolvidos no "gabinete paralelo" do MEC, incluindo o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Áudios divulgados pelo jornal Folha de S.Paulo mostraram Ribeiro afirmando que o governo federal priorizava o atendimento de pedidos de verbas de municípios que eram indicados pelos pastores evangélicos Gilson Santos e Arilton Moura.
Além disso, um prefeito afirmou que um dos pastores citados teria pedido propina em ouro para a liberação de verbas no ministério.
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(*Com informações de Estadão Conteúdo e reportagem de Eduardo Militão, do UOL, em Brasília)
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