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Greve: termo nasceu na França, mas até pirâmides tiveram 'braços cruzados'

23.mar.2023 -  Movimento intenso de passageiros na estação Itaquera do Metrô, na zona leste, por causa da greve dos metroviários - Werther Santana/Estadão Conteúdo
23.mar.2023 - Movimento intenso de passageiros na estação Itaquera do Metrô, na zona leste, por causa da greve dos metroviários Imagem: Werther Santana/Estadão Conteúdo

Da RFI

23/03/2023 13h56Atualizada em 23/03/2023 13h56

São Paulo encara um dia de paralisação de metroviários, com uma longa disputa entre trabalhadores e o governo de São Paulo, comandado por Tarcísio de Freitas (Republicanos). Mas você sabe onde surgiu a palavra greve? O termo nasceu em Paris, às margens do rio Sena.

A França tem a fama de ser um país de grevistas. As fotos das manifestações gigantescas tomando as ruas das cidades contribuíram para essa reputação, a tal ponto que há quem diga que a greve foi "inventada" pelos franceses.

No entanto, registros históricos confirmam que no Egito, cerca de 2500 anos antes de Cristo, os trabalhadores que construíam a pirâmide de Khéops já se revoltavam e paravam de trabalhar quando não estavam contentes. Na época, os operários cruzaram os braços por várias razões, não necessariamente salariais. Certa vez, a paralisação foi provocada porque os patrões diminuíram - e depois suprimiram totalmente - o alho que era colocado no almoço das equipes.

Isso mostra que a greve não foi inventada pelos franceses. Mesmo assim, a expressão "fazer greve" nasceu em Paris. O termo vem do nome de uma praça, (place de la Grève), nas margens do rio Sena. O local foi batizado assim por causa de um tipo de areia grossa, chamada "grava", presente na região.

No século 17, era nessa praça que os homens desempregados se reuniam em busca de trabalho e "fazer greve" significava procurar emprego. Mas no século 19, essa mesma praça começou também a atrair pessoas que protestavam contra as más condições de trabalho e se tornou, de uma certa forma, símbolo das reivindicações trabalhistas.

Greve considerada um crime até 1864

A tradição de mobilizações se perpetuou, mesmo se os franceses tiveram que esperar para que a prática fosse realmente autorizada. Os sindicatos só foram legalizados em 1884 e a greve, considerada um crime até 1864, só se tornou um direito inscrito na Constituição em 1946.

Desde então, o país conheceu paralisações gigantescas, que entraram para sua história. Uma delas, foi a manifestação que reuniu operários e estudantes durante o movimento de contestação de Maio de 1968. Naquele mês, a França enfrentou, durante duas semanas, uma greve que mobilizou entre 7 e 10 milhões de pessoas, o equivalente a quase 20% da população do país na época.

Nem todo mundo pode fazer greve

Porém, alguns setores da França apresentam restrições quando o assunto é parar de trabalhar para fazer reivindicações, principalmente em serviços públicos ligados à segurança. Policiais, soldados, agentes penitenciários ou ainda juízes e magistrados não podem fazer greve no país.

Já no caso das escolas maternais e elementares - antes do ensino fundamental - os professores até podem ser grevistas. No entanto, de acordo com a lei o estabelecimento é obrigado a prever uma solução para acolher as crianças, caso os pais queiram deixá-las na sala de aula.