Não é o corpo de Cristo: evitar carne na Sexta-Feira Santa tem outro motivo

A Sexta-Feira Santa é o dia da tradicional abstinência de carne para os católicos. Ao contrário de uma ideia popular, a recomendação aos fiéis não tem relação com a representação do 'corpo de Cristo', mas sim com ideias de compaixão e reflexão.

Por que não comer carne?

Caridade. Segundo os padres consultados pela reportagem, a abstinência é um incentivo à prática da caridade. A carne sempre foi um alimento caro e, por meio da abstinência, os fiéis são levados a colocar em prática a caridade e ajudar outras pessoas.

Para além do cardápio. A privação de carnes deve vir aliada, portanto, de reflexão e não somente da restrição no cardápio. Neste sentido, além da abstinência, a igreja também recomenda oração, um pouco mais de silêncio e recolhimento, contendo um pouco a euforia.

Alguns transformaram a Sexta-feira Santa em uma peixada, dia de comer peixes nobres. Temos é de fazer a lembrança, reflexão espiritual. É um dia para que o corpo reze. Enquanto padre, sempre recordo que não é o dia da peixada. É dia de comer pouco.
Anderson Batista Monteiro, padre e professor do departamento de Teologia da PUC-RJ

É pecado comer carne? Caso a pessoa coma uma carne que não seja peixe na Sexta-Feira Santa, a opinião dos padres varia e não há consenso se a prática é um pecado. A abstinência de carne é uma norma que favorece a espiritualidade e não está nos 10 mandamentos.

O que é a Sexta-Feira Santa

Embora a Sexta-Feira Santa esteja ligada ao domingo de Páscoa, as datas têm origens e significados diferentes para cristãos e judeus. Para os seguidores de Jesus Cristo, a Sexta-Feira Santa é o dia em que o Filho de Deus teria sido crucificado e morto. E a Páscoa, para os cristãos, celebra sua ressurreição.

Os judeus, por sua vez, celebram apenas a Páscoa, que relembra a liberação do povo judaico da escravidão no Egito, chamada de "Pessach".

A Sexta-Feira Santa está dentro da chamada Semana Santa, em que os católicos celebram a última semana de Cristo. Tudo começa no Domingo de Ramos, o último antes do domingo de Páscoa, o qual marca a entrada de Jesus em Jerusalém. A quinta-feira é o dia da Última Ceia de Jesus e quando ele lavou os pés dos discípulos. Na sexta-feira, houve a crucificação e no domingo, é a ressurreição.

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Fontes: Anderson Batista Monteiro, padre e professor do departamento de Teologia da PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio de Janeiro. Fabio de Souza Balbino, padre e professor do departamento de Teologia da PUC-Rio.

*Com informações de texto publicado em 06/04/2023

Errata:

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  • Uma das menções ao termo 'ressurreição' foi redigida inicialmente no texto de forma equivocada. A grafia já foi corrigida.

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