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Não foi na Bahia? Vulcão extinto pode ser local de 'descoberta' do Brasil

30.abr.2018 - Pico Cabugi, em Angicos (RN), vulcão extinto que é tido por alguns historiadores como ponto de descoberta do Brasil pelos portugueses Imagem: EFE/Ney Douglas

Do UOL, em São Paulo*

22/04/2024 04h00Atualizada em 22/04/2024 14h50

Diversos historiadores e pesquisadores afirmam que o pico do Cabugi, o único vulcão extinto no Brasil que conserva sua forma original, foi o ponto no qual os primeiros portugueses que chegaram ao país avistaram em 1500, um fato que por séculos é atribuído ao Monte Pascoal, na Bahia.

Reinventando o descobrimento

Localizado a cerca de 140km da costa do Rio Grande do Norte, no extremo nordeste do país, o pico do Cabugi é o único dos vários vulcões inativos que mantém sua forma intacta e seu nome se tornou mais conhecido no país atualmente por conta dessa reivindicação histórica.

O primeiro a levantar essa hipótese foi o pesquisador Lenine Barros Pinto, que publicou em 2012 o livro "Reinvenção do Descobrimento", no qual afirma que Cabugi é o Monte Pascoal e que o município vizinho de Touros corresponde à cidade de Porto Seguro.

Apesar das teorias que indicam que o português Duarte Pacheco Pereira avistou, sem tocar terra, o que hoje é o Brasil em 1498, e o espanhol Vicente Yáñez Pinzón teria chegado à costa de Pernambuco em 26 de janeiro de 1500, o descobrimento é atribuído a Pedro Álvares Cabral em 22 de abril daquele mesmo ano.

Pedro Álvares Cabral era um dos comandantes da expedição portuguesa que buscava uma rota diferente para chegar à Índia, circundando o continente africano, e, de acordo com os relatos históricos, avistou primeiro o Monte Pascoal e depois desembarcou na região de Porto Seguro.

O vulcão extinto do Cabugi, em Angicos (RN), tido por alguns historiadores como primeiro ponto brasileiro observado pelos portugueses Imagem: EFE/Ney Douglas

Relatos portugueses

O engenheiro civil e investigador Manuel Oliveira Cavalcanti publicou o livro "1500: de Portugal ao saliente Potiguar", que recolhe os estudos feitos pelo próprio autor em sua viagem ao país europeu para conhecer mais detalhes da "Carta do Descobrimento", o documento oficial português sobre o Brasil.

"Há uma tese de um historiador de que o descobrimento do Brasil foi no Rio Grande do Norte e essa tese foi meu ponto de partida", disse Oliveira Cavalcanti, que retomou o trabalho de Barros Pinto e reforçou a teoria com mais dados baseados na interpretação dos relatos dos portugueses.

De acordo com Oliveira Cavalcanti, "há novos fatos, novas evidências e o livro mostra isso, que o Brasil foi descoberto no Rio Grande do Norte. Foram dois anos de pesquisa", frisou.

Estive em Portugal, na Torre do Tombo, e averiguei dezenas e dezenas de livros, analisei as correntes marítimas, a plataforma continental, as correntes aéreas, e por aí segue todo o trabalho para demonstrar essa teoria, indicou o engenheiro civil.

Refazendo a expedição

Pinto, Cavalcanti e outros pesquisadores também se basearam em uma expedição conjunta realizada entre os governos de Brasil e Portugal para a celebração dos 500 anos do descobrimento, no qual os navegantes utilizaram a rota, condições e equipamentos similares aos empregados por Pedro Álvares Cabral.

Para chegar em 22 de abril de 2000 à Bahia, a expedição precisou de mais potência, pois, nas mesmas condições de 1500, só conseguiriam chegar a solo brasileiro, naquela data, na cidade de Touros.

Com coordenadas de 5° 42' 22" S 36° 19' 15" O e uma altitude de 590 metros, o pico do Cabugi, cujo nome significa "peito de moça" em tupi-guarani, também é chamado de Serrote da Itaretama, que nessa mesma língua indígena se traduz como "serra de muitas pedras".

O pico faz parte do Parque Ecológico Cabugi, uma extensa área de preservação monitorada pelo governo estadual e que conta cada vez mais com turistas, nacionais e estrangeiros, que buscam uma opção de aventura diferente da oferecida pelas praias paradisíacas da região.

(*) Com informações de reportagem publicada em 13/05/2018.

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