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Unila é reflexo da política externa do Brasil, diz pró-reitora

Em Foz do Iguaçu

05/05/2014 10h08

Quando a criação da Unila foi anunciada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, houve muitas críticas de que seria um projeto demagógico, ancorado apenas no objetivo do governo de liderança regional. A ideia inicial era criar uma universidade financiada pelo bloco do Mercosul, que não prosperou. Assim, o governo brasileiro preferiu tomar as rédeas e criar uma nova instituição ligada à rede federal, com vocação de integração.

A professora da UFF (Universidade Federal Fluminense) Angela de Siqueira, especialista em política de educação superior, diz que universidades vocacionais não deram certo onde foram implementadas, dando o exemplo do México. Segundo ela, modelos vocacionais bem sucedidos nos Estados Unidos, por exemplo, são de institutos e não de universidades.

"A ideia de universidade se pauta na indissociabilidade ensino-pesquisa- extensão e, ao meu ver, cairia num reducionismo caso se limitasse a um aspecto imediatista, prático-utilitário para um mercado em constante modificação", diz ela, que vê um risco de privar os formandos de determinadas bases teóricas.

A pró-reitora de Relações Internacionais da Unila, Gisele Ricobom, diz que a instituição tem, sim, de ser percebida como estratégia de política externa do Brasil, mas que isso não impede a atuação legítima como universidade. "A Unila é um reflexo dessa política no continente e claro que envolve questão de liderança regional", diz ela. "Mas temos de compreender que a universidade é a pluralidade de conhecimento, e aqui temos variadas tendências políticas como em qualquer outra universidade."

Aluno do curso mais emblemático na Unila, o de relações internacionais e integração, o paranaense Alexandre Andreatta, de 22 anos, forma-se no meio do ano e compreende que o modelo da universidade foi essencial para sua formação. "Temos aqui uma visão muito crítica da América Latina. Isso vai me ajudar a ter um diferencial mais à frente na sociedade."