Educação física descobre novos esportes na escola
Bolas de futebol e vôlei têm ganhado um descanso extra nas aulas de educação física de colégios particulares de São Paulo. Isso porque os alunos estão se aventurando em esportes diferentes, como skate, beisebol e até surfe. Além de melhorar a consciência corporal, relatam os professores, as modalidades alternativas aumentaram a participação dos jovens.
A típica partida de futebol na quadra dá lugar a um jogo de flagbol, espécie de rúgbi adaptado, no Colégio Ofélia Fonseca, em Higienópolis, região central da capital. "No começo, todo mundo ficou meio travado. Mas depois, fomos melhorando", diz Gustavo Andrade, de 17 anos, estudante do 2º ano do ensino médio Ele conheceu o esporte na aula.
Mais acostumado com o futebol, o adolescente agora tem tido oportunidade de desenvolver novas habilidades. "Tem de correr mais, pular muito mais. É uma mistura de modalidades." Para evitar contato físico intenso, como ocorre no rúgbi, em vez de derrubar o adversário para tomar a bola, basta que o aluno puxe o colete amarrado na cintura do adversário.
Na escola, também é possível praticar o alpinismo, feito em uma parede interna do colégio, e o slackline - prática de equilíbrio sobre uma fita elástica, já popular em praias e parques. Ainda são feitas atividades ao ar livre, como caminhadas, passeios ciclísticos e até mergulho.
A ideia é ir além do chamado "quadrado mágico": futebol, basquete, handebol e vôlei. "Buscamos a variação porque tínhamos problemas de alunos que não gostavam de fazer, dependendo da modalidade. Toda matéria nova que trouxemos, a molecada adorou", conta Renato Castilho, professor de Educação Física do Ofélia Fonseca. "As primeiras aulas são teóricas e falamos sobre regras Eles pegam tudo muito rápido."
Novidade
Neste ano, parte da Educação Física foi sobre rodinhas no Colégio Vital Brazil, no Butantã, zona oeste. As classes de skate começaram quase por acaso. "Em dezembro, levei skates para os alunos que ainda não haviam passado de ano e estavam na escola. Como eles gostaram, resolvi trazer", diz a professora Larissa Wosniak, que pretende desbravar outros esportes.
Antes de começar as manobras, foi preciso vencer a preocupação das famílias. "Cair faz parte do processo, mas criamos um ambiente seguro e o aluno está protegido. Aí os pais ganharam confiança", diz Larissa. O colégio comprou skates e equipamentos de segurança, e os alunos foram incentivados a levar os seus.
Aline Machado, de 13 anos, aprendeu com pequenos tombos. "Eu ainda caio algumas vezes, mas já consigo andar muito melhor", comemora a aluna do 8º ano. A turma foi dividida em níveis de habilidade. Com algumas aulas, a maioria já consegue se equilibrar.
Gabriel Campos, de 13 anos, ficou no nível intermediário. "Aprendi novas manobras e também a andar em outros tipos de skate", conta. A aula diferente ainda fez inveja aos amigos de fora do colégio. "Eles ficaram impressionados porque a maioria das escolas não deixa", afirma ele, também do 8ºano.
O professor de Educação Física Rodrigo Lara, do Colégio Radial, em Santo Amaro, na zona sul, explica que essa geração é muito mais ligada à tecnologia que ao skate ou o slackline, por exemplo. "Por isso queremos proporcionar experiências novas", defende. A escola incentivou o parkour.
Para o segundo semestre, a expectativa é ir à praia com a turma em um fim de semana para treinar surfe. "Pedi aos alunos que trouxessem sugestões para que tivessem uma participação mais ativa", diz o professor. A proposta é contextualizar cada esporte: como surgiu, onde é praticado, quais habilidades envolve e os benefícios à saúde. Dá para abordar até impactos ambientais, ao discutir o uso de skates e bicicletas como alternativas de mobilidade urbana. "É uma pesquisa interdisciplinar, lúdica e prazerosa", afirma.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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