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Alunos de escolas técnicas ficam sem merenda em São Paulo

Em São Paulo

21/04/2016 11h26

Escolas técnicas da rede estadual de São Paulo na capital estão sem merenda ou com o fornecimento irregular desde o início do ano letivo. Em algumas unidades, os alunos recebem apenas a comida seca (bolachas, barra de cereal e suco), que às vezes não é distribuída por semanas. Em outras, não há o fornecimento de nenhum alimento.

Em nota, o Centro Paula Souza, autarquia que administra as Escolas Técnicas do Estado (Etecs), admitiu o problema e disse que trabalha para solucionar "questões pontuais", com a readequação da estrutura disponível em algumas unidades e a negociação com as prefeituras e a Secretaria Estadual da Educação. Ontem, alunos de dez Etecs fizeram um protesto na Avenida Paulista, reivindicando merenda em todas as unidades e a melhoria dos alimentos fornecidos, uma vez que a maioria dos estudantes fica nesses colégios em período integral.

Douglas Oliveira Ferreira, de 18 anos, está no 3.º ano na Etec Guaracy Silveira, em Pinheiros. Ele cursa o ensino médio regular pela manhã e à tarde curso técnico em marketing. "Não recebemos nada de merenda, nem bolachinha. Como vamos estudar o dia todo desse jeito?"

Ele disse que a unidade tem um equipamento para que os jovens esquentem a marmita que levam de casa, mas é insuficiente. "Se todos forem esquentar as marmitas, vamos perder aula. Aqui em Pinheiros é muito caro para comer e já vi estudantes que ficam sem almoçar."

Na Etec Basilides de Godoy, na Lapa, os alunos recebem apenas a merenda seca. Mas no mês passado, disseram ter ficado duas semanas sem receber nada. "Já não é o ideal que alunos que estudam o dia todo só recebam barra de cereal, mas ficar sem nada é ainda pior", afirmou Naara Malian, de 16 anos, do 1.º ano do ensino médio.

Silvia Elena de Lima, presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Centro Paula Souza (Sinteps), disse que desde o ano passado algumas unidades enfrentavam problemas com o fornecimento da merenda, mas neste ano a falta se intensificou. "É muito problemático, porque merenda seca não é adequada para adolescentes. E não há estrutura: quem distribui os alimentos são servidores administrativos, acumulando função."

Estrutura

O Centro Paula Souza informou que investiu nos últimos meses mais de R$ 250 milhões na ampliação e melhoria na estrutura das unidades, incluindo obras para o armazenamento e preparo das merendas, disponíveis hoje em cerca de 200 Etecs.

A autarquia destacou que na Etec São Paulo, no Bom Retiro, a merenda seca começará a ser distribuída no segundo semestre deste ano, já que uma área está sendo adequada para o armazenamento de alimentos. Disse ainda que os alunos têm hoje um refeitório, com micro-ondas e geladeira, para aqueles que levam a própria refeição. Quanto à resolução dos problemas nas demais Etecs, o Centro Paula Souza não se pronunciou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.