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Tradicional Colégio São Luís troca Paulista por Ibirapuera

Simulação de como deverá ficar a nova sede do Colégio São Luís, em São Paulo - Divulgação/Colégio São Luís
Simulação de como deverá ficar a nova sede do Colégio São Luís, em São Paulo Imagem: Divulgação/Colégio São Luís

Júlia Marques

São Paulo

25/03/2018 11h40

O centenário Colégio São Luís está de mudança. Desde 1918 na Avenida Paulista, a escola, uma das mais antigas e tradicionais de São Paulo, anuncia para 5 mil pais, professores e funcionários que vai transferir sua sede para a região do Ibirapuera, na zona sul da capital, em 2020. A alteração faz parte de uma renovação na proposta pedagógica do colégio e ocorre na esteira do surgimento de escolas de elite com projetos inovadores na capital paulista.

A nova sede vai ocupar terreno de 15,4 mil metros quadrados na Avenida Dr. Dante Pazzanese, vizinho ao Museu de Arte Contemporânea e ao Instituto Biológico. As obras devem começar em outubro. A Companhia de Jesus não divulgou por quanto o terreno foi comprado nem o novo uso do prédio atual.

O colégio diz esperar que a transferência signifique só uma mudança de sede - e não de público. Segundo Sônia Magalhães, diretora-geral do São Luís, hoje cerca de 70% das famílias matriculadas moram em um raio de até 5 quilômetros da escola. Com a mudança, o porcentual cairia para 54%. "A ideia nunca foi criar um colégio novo, senão uma sede para o São Luís. Esse terreno foi escolhido em detrimento de outros mais baratos que levavam a escola para 20 quilômetros daqui", diz.

No final deste semestre, a escola deve divulgar o aumento de mensalidade para 2020 - hoje, a de um aluno do ensino fundamental custa R$ 2,4 mil.

A transferência é a aposta para colocar em prática a nova proposta pedagógica da escola, que tem como características a internacionalização e o ensino em tempo integral. "A sede é uma resposta arquitetônica ao projeto pedagógico que está sendo revisto. Nesta sede atual haveria muitos limites", reconhece Sônia, primeira mulher à frente do Colégio São Luís após uma sucessão de 32 padres.

A mudança só foi comunicada com antecedência a um pequeno grupo de funcionários. Ex-aluno do colégio e atual diretor de ensino médio, Rafael Araújo, de 40 anos, foi um deles. Por dois anos, teve de esconder o segredo da mãe, Nilza, de 66 anos, antiga funcionária, e do filho Miguel, de 9, aluno novato - três gerações que se despedirão do prédio na Paulista.

Araújo vê com otimismo a mudança, embora guarde boas histórias da região atual. "Teve o impeachment do (ex-presidente Fernando) Collor (em 1992) e fomos para as ruas, estávamos no meio dos caras-pintadas. Até o reitor foi com a gente."

Nova proposta

Em 2020, a escola deverá ter currículo de tempo integral e preparar alunos para universidades no exterior. Neste ano, o colégio deu o pontapé na adoção de métodos diferentes de ensino, como aulas invertidas - em que o aluno é responsável pelo próprio aprendizado e o professor atua como um orientador de estudos - e aprendizagem por projetos.

Essas são formas também propostas por novos colégios, como Avenues e Concept. De portas abertas este ano em São Paulo, estas escolas prometem renovar o ensino na cidade e já "chacoalham" antigos colégios.

Os novos modelos de ensino devem ganhar mais força no espaço do Ibirapuera. Mas, segundo o padre Carlos Alberto Contieri, reitor do colégio, o processo de inovação no São Luís "não é algo é extraordinário". "É parte do modo de ser da Companhia de Jesus, que em cada tempo buscou adaptar-se", diz.

No novo espaço, as salas serão maiores - 80 m² contra os 50 m² atuais. "E serão organizadas fisicamente por área de conhecimento. Os alunos é que vão trocar de sala", diz Sônia. O colégio terá espaços multiúso, que poderão servir como laboratórios, salas de robótica ou para atividades de mão na massa.

Se, por um lado, a escola perde proximidade com a Paulista, por outro, ganha em espaços mais verdes e planos. O novo projeto, que prevê apenas três pavimentos, pretende acabar com o sobe e desce de escadas - a sede atual tem sete andares.

Na proposta, assinada pelo escritório de arquitetura Athié Wohnrath, haverá espaço para hortas e composteiras. E a ideia é aproveitar a arborização natural do terreno - são 130 árvores. "Vamos manter o máximo possível do que está lá", diz Sônia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.