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Professores dão aulas com base em álbuns de figurinhas da Copa em SP

Alunos do Colégio Humboldt, na zona sul de São Paulo, participam de atividade com foco em leitura e interpretação de textos que constam no álbum de figurinhas da Copa do Mundo - Amanda Perobelli/Estadão Conteúdo
Alunos do Colégio Humboldt, na zona sul de São Paulo, participam de atividade com foco em leitura e interpretação de textos que constam no álbum de figurinhas da Copa do Mundo Imagem: Amanda Perobelli/Estadão Conteúdo

Isabela Palhares

São Paulo

26/04/2018 15h53Atualizada em 27/04/2018 16h17

Como em outras Copas do Mundo de Futebol, os álbuns de figurinha conquistaram as crianças e invadiram as escolas. Em vez de enxergar a brincadeira como uma distração para as aulas, professores perceberam uma oportunidade de trabalhar conceitos de Matemática, Português e Geografia do ensino infantil ao fundamental.

O professor de Português Ari Mascarenhas, do Colégio Humboldt, na zona sul de São Paulo, ficou impressionado com o interesse que as figurinhas de papel - tão distantes do mundo digital ao qual os adolescentes estão acostumados - provoca. "Podia encarar como distração ou aproveitar essa atenção para tratar dos assuntos de aula." E ele optou por tirar proveito.

Mascarenhas desenvolveu uma atividade para os alunos do 8.º ano com foco em leitura e interpretação de textos que constam no álbum. Dividiu os estudantes em grupos e propôs que procurassem o maior número possível de informações textuais e de imagem, como cores, números, bandeiras e mapas. A equipe vencedora leva um pacote de figurinhas no fim da aula.

A iniciativa ganhou a turma. "Geralmente os professores nos proíbem de abrir o álbum na sala, por isso achei muito legal poder usá-lo dentro da classe", conta Maria Clara Garcia, de 12 anos, que coleciona pela segunda vez figurinhas das seleções de futebol com o pai.

Para o professor de Educação Física Arthur Campelo, do Colégio Santa Maria, também na zona sul, foi o custo da coleção que motivou o uso do álbum. Com alunos do 5.º ano, ele desenvolveu um trabalho de educação financeira.

"Comecei a questionar e instigar a reflexão sobre o que eles poderiam comprar com o valor gasto, por exemplo, com dez pacotinhos. A ideia é incentivar o consumo consciente e, principalmente, mostrar que a troca tem poder social", afirma Campelo, que fez os alunos perceberem que poderiam completar o álbum mais rápido se trocassem figurinhas com mais gente.

O professor destaca ainda as características necessárias para as trocas. "A vontade de conseguir as figurinhas faz com que desenvolvam habilidades, fiquem mais desinibidos, cheguem a acordos. Eles aprendem a negociar, por exemplo, com a troca das brilhantes ou das que consideram mais difíceis de conseguir."

Coletivo

Com as crianças menores, de 5 anos, o Colégio Marista Arquidiocesano decidiu montar álbuns coletivos para cada turma e, para isso, as professoras reservam horários específicos. "O álbum contempla várias linguagens: numérica, textual, de imagem, do espaço social. E a criança aprende dentro de um contexto real. Por isso, é muito mais prazeroso", diz Vanessa Alvim, assistente de coordenação da educação infantil.

Além de aprenderem a reconhecer o sequenciamento numérico, as crianças se divertem com as camisas de cores diferentes e as bandeiras, conta Vanessa. E até o simples ato de tirar a figurinha do plástico, que exige coordenação motora fina, pode estimulá-las. "A brincadeira é sempre uma oportunidade de aprendizado." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.