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Ribeiro não foi indicação da Frente Evangélica, não temos que pedir troca, diz deputado

Sóstenes procurou se distanciar de Ribeiro após revelações sobre gabinete paralelo no MEC - Divulgação / Agência Câmara
Sóstenes procurou se distanciar de Ribeiro após revelações sobre gabinete paralelo no MEC Imagem: Divulgação / Agência Câmara

Iander Porcella e Eduardo Gayer

Em Brasília

23/03/2022 09h13Atualizada em 23/03/2022 09h13

O presidente da Frente Parlamentar Evangélica, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), disse ao Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, que conversou com o ministro da Educação, Milton Ribeiro, sobre o gabinete paralelo de pastores que controlam as verbas do Ministério. O deputado afirmou esperar explicações do titular do MEC até hoje de manhã, quando se pronunciará em nome da bancada, mas evitou dizer se a nota divulgada mais cedo pelo ministro é "suficiente".

Como revelou o Estadão, a atuação de Ribeiro tem sido dirigida por um grupo de religiosos sem nenhum vínculo com o MEC ou o tema Educação. Capitaneado pelos pastores Gilmar Silva dos Santos e Arilton Moura, o "gabinete paralelo" age para facilitar a liberação de recursos, permitir o acesso de outras pessoas ao ministro e interferir na gestão da Pasta.

"Falei com o Ministro e disse a ele que não vou me manifestar até amanhã de manhã (hoje) para dar o tempo a ele para ele trazer explicações ao caso", declarou Sóstenes. Em nota divulgada na tarde de terça-feira, Ribeiro disse que Bolsonaro não ordenou "atendimento preferencial a ninguém", ao contrário do que mostrou áudio divulgado pela Folha de S.Paulo. Ele também negou favorecer determinados grupos em detrimento de outros.

"Registro ainda que o presidente da República não pediu atendimento preferencial a ninguém, solicitou apenas que pudesse receber todos que nos procurassem, inclusive as pessoas citadas na reportagem", afirmou Ribeiro, na nota divulgada pelo MEC.

Sóstenes também procurou se distanciar de Ribeiro. "O Ministro não foi indicação da Frente Evangélica, aliás nenhum dos ministros evangélicos do governo teve a indicação da FPE. Logo, se não temos indicação, não temos que pedir troca do que nunca indicamos", respondeu, ao ser questionado se defenderia a demissão do ministro.

Na sexta-feira (18), Sóstenes havia dito ao Broadcast Político que iria conversar sobre o assunto com o presidente Jair Bolsonaro (PL). Os dois estavam juntos em agenda no Acre e retornaram a Brasília naquele mesmo dia. "Isso não é papel de líderes religiosos, mas sim de parlamentares. Para isso disputamos eleição", afirmou Sóstenes, que é próximo do governo e do mesmo partido do chefe do Executivo.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), por sua vez, disse nesta terça que não pode haver dúvidas sobre o trabalho do ministro Milton Ribeiro. O deputado, contudo, afirmou que ainda não ouviu o áudio em que o chefe do MEC diz atender às demandas do grupo de religiosos a pedido de Bolsonaro.

"Eu não sei em que quadrante, em que situação ele falou isso. Ele é que tem que se explicar com relação a isso. Não pode haver dúvidas com relação à seriedade tanto do trabalho do ministro, principalmente da Educação, quanto do Ministério", disse Lira.