Crianças e sociedade de consumo
Assim como os músculos, o cérebro também precisa ser exercitado, treinado, capacitado. Nós não nascemos virtuosos, nascemos egoístas, individualistas, até para que possamos sobreviver. Um bebê tem de chorar alto para poder ser visto, cuidado, notado. É também por isso que a natureza nos deu na infância essa coisa maravilhosa que é a espontaneidade, essa capacidade de criar e se divertir com o simples.
Atualmente, as crianças ganham uma quantidade absurda de brinquedos e coisas. E muitas vezes à custa do endividamento da família. Só que a conta do consumo desenfreado, quando chega, gera violência, tristeza, estresse. Precisamos ensinar aos alunos que, além de o fato de ter tudo levar a não querer nada, com o "pede, pede, pede" estão contribuindo para o estresse dos pais. Eles devem aprender a pedir mais carinho e menos coisas.
Hoje, temos tantas identidades, exercemos uma multiplicidade de papéis, que, se não tomarmos cuidado, acabaremos nos perdendo, sem saber de fato quem somos. Então, surge o efeito "manada": fazemos o que todo mundo faz , sem qualquer reflexão. Ficamos sem saber o que vai ser do nosso futuro e morremos de medo.
As propagandas nos vendem mil e uma coisas, enquanto os noticiários nos bombardeiam com notícias ruins. Na sociedade de hiperconsumo, a grande meta de muitos dos meios de comunicação de massa é tornar nossa vida negativa para que compremos tudo que nos vendem ou nos iludir com coisas que nos tornariam melhores.
De acordo com Nicholas Carr, autor do livro "A Geração Superficial", que explica o que a internet está fazendo com o nosso cérebro, estamos virando pessoas "panqueca", que sabem de tudo, mas não sabem de nada, porque só vamos até a terceira linha dos textos que lemos na internet. E isso acontece com todos nós, não só com os alunos.
Nesse processo, abrimos mão de coisas muito importantes, que são os valores, a sabedoria, a profundidade, o tempo. Ficamos o tempo todo na urgência. Mas podemos - e devemos - viver melhor. Devemos acreditar nas pessoas, que são falíveis, mas construídas no processo.
Todos podemos melhorar, não temos de ser perfeitos, mas precisamos ter compromisso com o empreendedorismo ético. As pessoas devem se comprometer a servir à sociedade, à família, à nação e ao mundo do melhor jeito que podem. Não queremos a perfeição, mas queremos a pureza de intenção.
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