Práticas de responsabilidade

Boas ideias não precisam ser grandiosas, nem onerosas. Precisam apenas ser boas ideias, daquelas que, se postas em prática, logo dão resultados.

Quando a expressão responsabilidade social tornou-se mais presente nos meios de comunicação, muitos defendiam a tese de que ela deveria se restringir às obrigações legais que as empresas mantinham com os seus funcionários e tão somente com eles.

Ainda bem que, com o passar do tempo, o conceito de responsabilidade social ganhou consistência, atravessou os muros das organizações e chegou ao cidadão comum. As empresas passaram a compartilhar boas práticas de desenvolvimento e capacitação profissional com a sociedade.

Duas boas ideias estão sendo aplicadas no Rio de Janeiro. Aparentemente simples, elas podem ser levadas para outras cidades e, acredito, render bons resultados em qualquer lugar.

Ensinando a pescar

O Senac RJ investe em programas de inclusão por meio da capacitação profissional gratuita de pessoas para o setor de comércio de bens, serviços e turismo no Rio de Janeiro.

O programa “Senac nas UPPs” promove cursos nas comunidades atendidas pelas Unidades de Polícia Pacificadora em parceria com a Secretaria de Governo do estado. Tem por objetivo viabilizar o acesso dos alunos ao emprego formal e também estimular o microempreendedorismo local. Com essa iniciativa, mais de 5 mil pessoas já receberam qualificação profissional em Gastronomia, Beleza e Informática em 19 comunidades do estado. As aulas são ministradas nas carretas-escola, unidades móveis transformadas em ambientes de aprendizado.

Em outras regiões, onde não há unidade móvel, o programa recebe o nome de “Senac na Comunidade” e os cursos são oferecidos em parceria com associações de moradores, ONGs e instituições religiosas. As aulas são ministradas nesses locais por instrutores do Senac RJ. Nos últimos cinco anos, o programa qualificou cerca de 20 mil pessoas.

Outro programa, o “Portal do Futuro”, já formou mais de 8 mil pessoas. É destinado a jovens entre 16 e 21 anos, oriundos de famílias de baixa renda e/ou em risco social. O curso tem duração de sete meses e prepara os participantes para o primeiro emprego. A formação inclui noções de cidadania, aulas de inglês e capacitação nas áreas de Gestão e Hotelaria. Os alunos ainda têm a oportunidade de passar por uma vivência profissional em uma empresa.

Porteiro amigo do idoso

Em parceria com o mesmo Senac RJ, o Grupo Bradesco Seguros criou o programa “Porteiro Amigo do Idoso” para capacitar os profissionais que todos os dias lidam com moradores mais idosos e que, a qualquer momento, podem ser chamados a prestar-lhes cuidados especiais.

O programa criado em 2010 já capacitou mais de 650 profissionais. Começou pelo Rio de Janeiro, no bairro de Copacabana, conhecido por abrigar o maior número de pessoas idosas do estado. Dois anos depois, foi aplicado na cidade de São Paulo, no bairro de Higienópolis (que tem fama semelhante à de Copacabana). Agora, em 2015, a proposta do Porteiro Amigo do Idoso se estenderá para os estados de Minas Gerais e Espírito Santo, além do interior de São Paulo, cobrindo os municípios de Campinas, Ribeirão Preto e Santo André.

O Grupo Bradesco Seguros criou o programa sob orientação do médico e pesquisador Alexandre Kalache, conselheiro sênior sobre Envelhecimento Global da Academia de Medicina de Nova York e ex-coordenador de programas de envelhecimento da Organização Mundial da Saúde.

Os porteiros foram escolhidos de acordo com resultados de pesquisas. Eles são apontados como os maiores aliados dos idosos para resolver questões do dia a dia e, por isso, são considerados por eles como os seus melhores amigos.

Em 2010, e segundo o IBGE, a população de idosos no Brasil era de cerca de 10% do total, o que correspondia a aproximadamente 20 milhões de pessoas com 60 anos ou mais. Até 2050, a estimativa é de que 64 milhões de brasileiros estejam incluídos na categoria dos “maiores de 60”.

* Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e escritor, criador desta coluna.