Planejar gastos com educação requer muita atenção e alguns truques na manga
Qual é a mãe ou o pai que não desejam uma boa educação para seus filhos? E, por isso, muitos deles optam por pagar uma escola particular, esperando que o investimento garanta um futuro melhor para as crianças.
Na maior parte do tempo, os pais pesquisam linhas pedagógicas para saber qual é mais adequada ao jeito de aprender do filho. A estrutura da escola (laboratórios, biblioteca e parquinhos) é visitada e os olhos são de lince (Veja aqui o que os pais devem observar na infraestrutura fisica). Se a família mora numa cidade grande, a localização da escola também é fator de importância.
Diante de tantas preocupações, o preço da mensalidade parece até secundário. Mas não é.
Alguns pais não observam os detalhes na hora de planejar financeiramente os custos escolares dos filhos. Investir em uma escola particular significa ter gastos que vão muito além da mensalidade. Por isso, os especialistas recomendam que os pais considerarem todos os custos requisitados pela instituição escolhida -- e, avaliem alternativas para manter a qualidade da formação do filho, gastando menos.
“É fundamental saber qual é a política de gastos da escola, seja com material, passeios, atividades extra-curriculares, uniforme, lanche. Só assim os pais têm condição de avaliar se podem ou não arcar com este investimento”, argumenta Marcos Crivelaro, professor de finanças da FIAP (Faculdade de Informática e Administração Paulista).
1 milhão de reais
Não há como precisar quanto realmente custa um filho do ensino infantil até o término da faculdade, já que as variantes em questão não podem ser padronizadas. Mas há como ter uma estimativa aproximada, considerando, por exemplo, a classe média de hoje. “Pelos meus cálculos, esse gasto gira em torno de um milhão de reais”, diz Samy Dana, professor de economia da FGV-SP (Fundação Getúlio Vargas). Já para Marcos Crivelaro, quilos de outro são outra boa medida para estimar esse valor. “No mínimo, a conta bate com uns 11 quilos de ouro. Uns 600 mil reais de gasto, pelo menos”, diz.
DICAS PARA ECONOMIZAR
MENSALIDADE: Veja se é possível conseguir algum desconto no pagamento da anualidade em uma única parcela (se você tiver esse montante para desembolsar, é lógico)LANCHE E ALMOÇO: Sempre que possível, mande algo de casa. Além de mais barato, costuma ser mais saudávelMATERIAL ESCOLAR: Pesquise e, se possível, compre fora da temporada de volta às aulasLIVROS DIDÁTICOS: Tente comprar livros de segunda mãoUNIFORME: Se a escola exige uniforme, tente reciclar os conjuntos de um ano para o outro; caso contrário, separe algumas peças apenas para a criança ir para a escolaTRANSPORTE ESCOLAR: É caro, mas depende do valor do tempo dos pais: "para um autônomo que trabalha por hora, o tempo gasto na locomoção do filho pode ser altamente prejudicável", comenta DanaRODÍZIO: Procure outras mães e outros pais da vizinhança e pratique carona solidáriaSe de imediato esse montante soa irreal, vale lembrar que a educação é um investimento a longo prazo e cujos gastos tendem a aumentar anualmente um pouco acima da inflação, entre 10 e 15% ao ano, com saltos maiores (cerca de 25%) nas mudanças de estágio escolar, ou seja, do ensino infantil para o fundamental, do fundamental para o médio e do médio para a faculdade, sendo que este último pode ser maior ainda dependendo da escolha profissional do filho.
Diante dessas perspectivas, poupar para garantir a continuidade de uma boa educação acaba sendo a saída mais inteligente. “Optar por um plano de previdência privada é uma boa, pois este produto ajuda a disciplinar a poupança de forma planejada e normalmente embute em seu pacote um seguro de vida, que garante a educação dos filhos mesmo no caso de falta dos pais. Quem já poupa normalmente e tem boas reservas financeiras pode investir em mecanismos mais tradicionais, como fundos e títulos, mas sempre de forma planejada e visando atingir os objetivos de poupança”, sugere o especialista em finanças pessoais Gustavo Cerbasi.
Fatia do orçamento doméstico
O valor do item educação varia de acordo com o padrão de vida e da renda familiar, mas segundo Cerbasi, normalmente não ultrapassa ou não deveria ultrapassar de 10 a 15% dos ganhos da família. Para ele, o sacrifício para oferecer uma escola de padrão superior a essa porcentagem deve ser ponderado. “Além de onerar a renda familiar, esse custo elevado pode representar um sério risco para o filho à medida que ele é inserido em um grupo social de hábitos muito diferentes e, quase sempre, finaceiramente bem mais elevados”, alerta.
O professor Samy Dana é mais categórico. Segundo ele, a educação deve ser incluída nos 30% recomendáveis com gastos fixos, em que também entram, por exemplo, aluguel (se for o caso), condomínio, água, luz, telefone. “O restante da renda deve ser dividido entre gastos variáveis, como roupas, entretenimento, lazer e poupança, que garante o aumento de patrimônio e viagens mais caras, por exemplo. O desequilíbrio das partes é sempre oneroso porque comprometendo a poupança, por exemplo, seu patrimônio para de crescer, diminuindo gastos corriqueiros, onde entram inclusive os fixos”, explica o professor.
Agora, a ideia de ficar garimpando economias nos pequenos gastos diários, como cafezinhos, revistas, manicures, não é nem um pouco recomendada, segundo Cerbasi. Para o especilista, tais gastos são irrefutáveis fontes de bem estar e mantenedoras de uma mente psciologicamente saudável. “Esses sim são custos aparentemente invisíveis, que não podem ser desprezados e nem substituídos por gastos exclusivamente voltados aos filhos”, reitera.
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