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Mesmo com o menor salário de professores do país, RS apresenta boas notas em avaliações

Suellen Smosinski

Do UOL, em São Paulo

14/03/2012 06h00

Os professores da rede estadual do Rio Grande do Sul são os que recebem o menor salário do país: R$ 791 para uma carga horária de 40 horas semanais – o novo valor do piso é R$ 1.451. Já a avaliação do Estado no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) é uma das dez melhores do Brasil. Em contrapartida, o Amazonas paga um valor acima do piso para seus docentes (R$ 1.905) e não apresenta bons índices na avaliação.

O professor José Marcelino de Rezende, da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto, acredita que o bom desempenho do Rio Grande do Sul na avaliação, mesmo com a baixa remuneração dos docentes, pode ter relação com a tradição do sistema escolar do Estado. “No Brasil, o desempenho dos alunos está muito ligado com a condição socioeconômica das famílias. O capital cultural e a escolaridade dos pais interfere diretamente nas notas”, disse.

Para Francisco Soares, professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e coordenador do Grupo de Avaliação e Medidas Educacionais na mesma instituição, a região Sul apresenta condições econômicas e familiares muito boas, o que contribui positivamente para o aprendizado dos alunos. "No Sul, os filhos chegam à escola com mais facilidade de aprender do que no nordeste" afirmou. 

Mas, Marcelino alerta que, se a baixa remuneração dos professores do Rio Grande do Sul continuar, a perspectiva para o Estado é muito ruim, pois "os jovens vão procurar outras carreiras".

O Ideb é a "nota" do ensino básico no país. Numa escala que vai de 0 a 10, o MEC (Ministério da Educação) fixou a média 6, como objetivo para o país a ser alcançado até 2021.

Paralisação Nacional

A CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) organizou uma paralisação nacional entre hoje (14) e sexta-feira (16) para exigir o cumprimento da Lei do Piso. O novo valor anunciado pelo MEC (Ministério da Educação) é de R$ 1.451. O protesto também defende um maior investimento público em Educação. Segundo especialistas ouvidos pelo UOL, o aumento do salário dos docentes é apenas um dos fatores que influenciam na melhora da educação e deve vir acompanhado de outras práticas para a valorização do ensino.

“O professor tem que receber mais, mas só isso não basta. Seria importante que junto com o incentivo econômico acontecessem outras iniciativas. Tem que ter piso, mas tem que ter pedagogia”, afirmou Francisco Soares, professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e coordenador do Grupo de Avaliação e Medidas Educacionais na mesma instituição.
 

Quem paga o piso?

Segundo um levantamento feito com as secretarias de educação dos Estados, nove deles ainda não pagam o piso nacional dos docentes. Pelas contas dos sindicatos, são 17 Estados que não cumprem a Lei .

Os professores do Distrito Federal, que são os mais bem pagos do país (R$ 2.314), entraram em greve na última segunda-feira (12). Uma das razões da paralisação é o não cumprimento da equiparação salarial com outras carreiras de nível superior do GDF (Governo do Distrito Federal). O acordo para a isonomia foi feito em abril de 2011, entre o Sinpro (Sindicato dos Professores do Distrito Federal) e o governo.

No Piauí, em Goiás e em Rondônia os professores também estão em greve.

Veja a comparação Ideb x salário

EstadoPiso para 40 horas/semanaIdeb 5º ano EFIdeb 9º ano EFIdeb 3º ano EM
RSR$ 791,004,94,13,9
APR$ 1.085,003,83,63,1
SCR$ 1.187,005,24,54,1
ROR$ 1.187,004,33,53,7
ACR$ 1.187,004,34,13,5
SER$ 1.187,003,83,23,2
RNR$ 1.187,003,93,33,1
ALR$ 1.187,003,72,93,1
PIR$ 1.187,004,03,83,0
PER$ 1.188,004,13,43,3
BAR$ 1.188,003,83,13,3
PRR$ 1.224,005,44,34,2
PAR$ 1.244,003,63,43,1
CER$ 1.270,004,43,93,6
TOR$ 1.330,004,53,93,4
MAR$ 1.357,003,93,63,2
PBR$ 1.384,003,93,23,4
GOR$ 1.460,004,94,03,4
MSR$ 1.490,004,64,13,8
RJR$ 1.732,004,73,83,3
MTR$ 1.749,004,94,33,2
MGR$ 1.870,005,64,33,9
SPR$ 1.894,005,54,53,9
AMR$ 1.905,003,93,53,3
RRR$ 2.142,004,33,73,4
DFR$ 2.315,005,64,43,8
ESNÃO INFORMOU5,14,13,8

Fonte: levantamento feito pela Folha de S.Paulo em 5.mar