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Vídeos de aulas na internet viram hit e prometem ajudar da pré-escola ao vestibular

Camila Rodrigues e Simone Harnik

Do UOL, em São Paulo

27/03/2012 08h30

Não é só vídeo engraçado que vira hit no Youtube. O educador americano Salman Khan conseguiu a proeza de mais de 132 milhões de acessos aos seus vídeos de matemática, biologia, química, física, entre outras matérias. Os resultados animaram brasileiros a “importar” a ideia e a criar novos conteúdos aqui no país. Duas iniciativas já estão no ar gratuitamente: a tradução e dublagem dos vídeos de Khan, pela Fundação Lemann, e o Qmágico, site elaborado por alunos do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).

“O público para este conteúdo vai do ensino fundamental ao ensino médio, tem gente da terceira idade. Varia muito. Desde criança pequena, antes do ensino fundamental, até senhores de 50, 60 anos”, conta o diretor executivo da Fundação Lemann, Denis Mizne. Uma das principais características tanto da Khan Academy quanto do Qmágico é o formato leve, semelhante a jogos de internet.

Segundo Thiago Feijão, 22, cofundador e presidente do Qmágico, a motivação veio de sua experiência de “ongueiro” com pré-vestibulares para alunos de baixa renda. “Tinha 120 vagas no curso, mas se inscreveram 3.000 estudantes. Aí, fiquei me questionando sobre como poderia aumentar o impacto da ação e atingir mais gente”, lembra. Foi então que surgiu o projeto de oferecer um site com vídeos e uma plataforma virtual com exercícios. 

As boas intenções, com auxílio de consultorias especializadas, já se transformaram em um negócio social, diz Feijão. Para manter a estrutura do site, revela o presidente, há a possibilidade de cobrar uma mensalidade simbólica dos usuários. Entretanto, o jovem busca maneiras de oferecer o conteúdo gratuitamente, com o auxílio de parceiros que possam financiar a produção de vídeos e a manutenção e o desenvolvimento do sistema. Até o momento, o acesso está liberado.

 

Acervo

A iniciativa norte-americana já conta com mais de 3.000 vídeos no Youtube. Aqui no Brasil, por enquanto, a Fundação Lemann traduziu cerca de uma centena e alcançou um conjunto de aproximadamente 300 mil visualizações. “Até o fim de maio, teremos todo o conteúdo de matemática, biologia, física e química. Essas disciplinas são mais fáceis de adaptar ao contexto brasileiro do que história e geografia, por exemplo”, explica Mizne.

O projeto dos universitários do ITA, por sua vez, já finalizou 600 vídeos e está em fase de implantação. No site do projeto estão disponíveis 150. Mas, para Feijão, a proposta vai muito além de oferecer vídeos.

Foco na escola pública

“Nosso diferencial é oferecer uma plataforma para maximizar o trabalho do professor e o entendimento dos alunos. É uma metodologia que une o ensino virtual à sala de aula tradicional com baixo custo”, conta. O Qmágico, de acordo com Feijão, já foi procurado por escolas públicas, particulares e até mesmo por instituições de ensino superior, que desejam dar aos professores a possibilidade de personalizar o conteúdo que será oferecido no computador, como as questões, os exercícios e os vídeos. O objetivo, portanto, diz Feijão, é oferecer mais recursos aos professores, que permanecem figuras centrais no processo de ensino-aprendizagem

A Fundação Lemann também decidiu iniciar um projeto piloto com três escolas públicas municipais da zona sul de São Paulo. De acordo com Mizne, o primeiro passo será trabalhar o conteúdo de matemática com professores do 5º ano, para incentivá-los a buscar novos recursos para aulas mais atraentes de matemática básica. O projeto inclui a disseminação dos vídeos, de exercícios, formação dos professores e acompanhamento dos alunos. Nestas escolas, os computadores vão para a sala de aula – o laboratório de informática deixa de ser o local exclusivo.

Uma das qualidades da iniciativa, segundo Mizne, é que os vídeos possibilitam respeitar o ritmo individual de cada estudante. Além disso, um professor bem formado pode utilizar diferentes suportes – livro, computador, revistas, lousa – para ensinar o conteúdo de formas distintas, de modo que todos os estudantes consigam aprender de algum modo.