Em Goiás, universitários da PUC protestam por falta de intérprete para colega surdo

Na noite de ontem (17), um grupo de 60 alunos se reuniu na porta da secretaria dos cursos de história, geografia e ciências sociais da PUC-GO (Pontifícia Universidade Católica de Goiás), para protestar pela falta de intérpretes de Libras (Língua Brasileira de Sinais) para estudantes surdos.

A manifestação aconteceu em apoio a Rodrigo Guedes, 21, aluno do curso de história, que está sem intérprete desde o dia 28 de setembro.

A amiga do estudante, Rosemeire Vaz, 28, que também cursa história, conta que, desde que a intérprete da universidade deixou o cargo, Rodrigo tem procurado uma solução para questão com o apoio dos amigos.

Uma semana antes do protesto, o grupo entrou em contato com a secretaria do curso, com a ouvidoria, e com a reitoria. Conseguiram um encontro do estudante com o reitor da PUC-GO, Wolmir Amaro, que teria prometido a contratação de uma profissional para o dia 10 de outubro. Segundo Rosemeire, como o prometido não foi cumprido as mobilizações se intensificaram.

“O Rodrigo é um aluno exemplar e está sendo prejudicado por esta situação. Ele está isolado na sala de aula, fica sentado mexendo no computador porque não consegue ler os lábios dos professores. A gente tenta ajudar com rápidas conversas em Libras e bilhetes, mas são recursos paliativos. E não se pode negar que este problema está afetando toda a turma”.

Em entrevista intermediada pela amiga Rosemeire, Rodrigo disse que está se sentindo excluído pela falta de comunicação com os professores e colegas de sala. Ele comentou que a ajuda dos amigos está sendo importante, mas nem sempre conseguem repassar o conteúdo das aulas de forma adequada e isso tem reduzido o seu aprendizado.

A assessoria de imprensa da PUC-GO, por telefone, comentou que as entrevistas para a seleção do profissional estão em andamento, mas não houve a confirmação de que o profissional começaria ainda nesta semana, como prometido aos alunos. De acordo com a assessoria, para que não haja prejuízos no aprendizado de Rodrigo, a universidade irá repor as aulas para o estudante.

Acessibilidade

Além dos protestos pela contratação de intérpretes, os estudantes começaram a recolher assinaturas para solicitar a melhoria da estrutura dos prédios no quesito acessibilidade. “Ainda há falhas que impedem a locomoção, como o elevador que nem sempre funciona, e também a falta de profissionais para atender esses alunos”, reclama Rosemeire.

Rodrigo disse ainda que tem esperança de que com este movimento a PUC-GO preste mais atenção nas questões relacionadas aos portadores de necessidades especiais e não foque somente na contratação de intérpretes.