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Intercambista brasileiro vai parar em TV coreana dançando "Gangnam Style"

Do UOL, em São Paulo

31/10/2012 06h00

No último sábado (27), um intercambista brasileiro foi ao ar em uma TV coreana, com um vídeo em que canta e dança “Ganganm Style”, sucesso do ídolo sul-coreano Psy. 

O rapaz, Leonardo Saturnino Ferreira, 22, mora em Seul desde o início deste ano. Ele estuda coreano e terá aulas de graduação em engenharia, a partir de 2013, como um dos três bolsistas do Brasil que foram escolhidos pelo governo daquele país – a bolsa é integral e cobre gastos diários e as aulas de idioma. 

O vídeo é uma brincadeira dos produtores do programa “Bravo! Asean Korea 2012”, uma competição entre estrangeiros que vivem na Coreia do Sul e vieram de países da Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático). O Brasil não está nesse bloco econômico, mas Ferreira acabou participando depois de aceitar um convite de uma amiga de Brunei.  

Para o estudante, o vídeo do “Gangnam Style” deu certo porque é “muito alegre e engraçado” – duas características que, na opinião dele, faltam ao povo coreano.  “Há pressão para ser o melhor na escola, no trabalho, para entrar rápido na faculdade, para casar, para tudo", afirma.

 

Adaptado

Silêncio no metrô

É um silêncio de igreja no metrô [de Seul]. Todo mundo ou está no celular ou no tablet. E o wi-fi e 4G são maravilhosos. Converso com a minha mãe pelo Skype, usando vídeo, com o trem mesmo em movimento.

Os alunos coreanos gostam muito de telecurso! São dois canais de TV que transmitem aulas de matemática, de inglês, de chinês, o dia inteiro. O mais engraçado é que, se não assistem na hora, assistem mais tarde, principalmente as aulas de inglês

Segundo o brasileiro, o sistema educacional coreano é bastante puxado. “Eu gosto dessa produtividade de um país em que as coisas funcionam. Mas, como é competitivo, sempre está entre os países com maiores índices de suicídio. O coreano é muito estressado com prazo e desempenho. Os alunos não se importam em virar a noite na sala de estudos, que na maioria das faculdades ficam abertas 24 horas por dia”, conta.

Ele, no entanto, não entra na onda coreana do estresse e da correria: “Sou brasileiro. Acredito que a minha missão na Coreia do Sul é representar o Brasil. Levar a produtividade coreana para o nosso país e ensinar os coreanos a serem mais felizes. O brasileiro é mais alegre, todo mundo se diverte, brinca, é mais cabeça fria”.

Interessado na cultura coreana desde a adolescência, Leonardo pretende, depois de se graduar em engenharia, trabalhar nas relações bilaterais entre Brasil e Coreia. Hoje já é uma espécie de embaixador informal e tem se dedicado ao “[Kobra]”:kobrazil.org, que reúne brasileiros e fornece orientações em português para quem se interessa em ir à Coreia do Sul como estudante.

Estudo de línguas e de engenharia

Ferreira está na Coreia do Sul desde o começo do ano. A rotina do brasileiro é de quatro horas de aulas diárias de coreano como aluno da Universidade Kyung Hee. Depois, reforça o aprendizado em casa no restante do dia. Todos os seus colegas de sala são internacionais e o que predomina ainda na conversa diária é o inglês.

Enquanto as aulas na Universidade Nacional de Seul não começam – ele só começará a graduação no ano que vem --, Leonardo aprende a lidar com a língua coreana e as diferenças culturais. E dança. A la “Gangnam Style”.