No Rio, Justiça lacra universidade em estação de metrô e afeta mais de mil alunos
Mais de mil alunos da UniverCidade, uma das principais instituições privadas de ensino superior do Rio de Janeiro, foram afetados com o fechamento da unidade Carioca, localizada no interior da estação de metrô de mesmo nome, no centro da cidade.
A concessionária Metrô Rio move desde 2009 ação judicial contra a instituição por falta de pagamento do Termo de Permissão de Uso. A Galileo Educacional, que administra a UniverCidade, esperava reverter na última segunda-feira (5) a decisão, mas a unidade permanece lacrada.
Segundo relato de estudantes, no dia 30 alguns professores e alunos já estavam na unidade quando chegou a ordem de desocupação. O estudante de tecnologia em rede e diretor do DCE (Diretório Central de Estudantes) da unidade Carioca da UniverCidade, Anderson Pereira, 26, conta que ficou sabendo do fechamento pelas redes sociais.
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“A UniverCidade enviou emails avisando aos estudantes, mas muitos, como eu, não receberam. Eu fiquei sabendo pelas redes sociais. Alguns professores entraram em contato também com os alunos”, disse.
Os alunos transferidos passaram a assistir a aulas em outra unidade da UniverCidade e em unidade da Universidade Gama Filho, também administrada pelo grupo Galileo Educacional. Para a estudante de administração e membro do DCE, Vanessa Silva, 28, a transferência para outra instituição não poderia acontecer.
“Mesmo administradas pelo mesmo grupo, essa mudança é irregular. São universidades diferentes, cada uma com seu método de ensino e grade curricular. Os alunos estão desorientados”, afirmou.
A ausência de laboratórios para aulas de informática nas duas unidades para onde foram transferidos os alunos é o principal prejuízo apontado pelo diretor do DCE. Segundo Pereira, os laboratórios são inadequados para aulas de informática.
“O laboratório da unidade da Carioca era preparado para aulas de tecnologia, com servidores, roteadores. Agora nós estamos trabalhando com computadores preparados para nível de usuário comum, além do espaço da sala ser menor. A qualidade dos professores não diminuiu porque são os mesmos, mas perdemos o acesso a um laboratório adequado pelo menos até que essa situação se resolva”, disse Pereira.
Ainda segundo ele, não houve até o momento manifestação coletiva de estudantes com a intenção de processar a UniverCidade. “Os alunos estão aguardando o encerramento do ano letivo. A maioria são alunos antigos, já que não teve vestibular este ano. A maior preocupação do DCE é que não haja greve para que não sejamos prejudicado”, afirmou.
Histórico
Em 2011, o MEC desautorizou a UniverCidade a abrir novas vagas por nota baixa no Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) por três anos consecutivos.
A Galileo Educacional é uma das instituições investigadas pela CPI das universidades particulares instalada na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro). O ex-presidente da Galileo, Marcio André Mendes Costas, foi convocado, de acordo com a CPI, pelo menos três vezes para esclarecer o processo de fusão entre Gama Filho e UniverCidade e as dívidas trabalhistas com os professores, mas não compareceu.
O presidente da CPI, deputado Paulo Ramos (PDT), informou que enviou requerimento à secretaria de Segurança Pública para exigir a presença do presidente da Galileo. “Ele está fugindo de prestar depoimento.
"Há indícios da fusão das atividades educacionais das duas instituições de ensino geridas pelo Grupo Galileo, o que seria um procedimento que demandaria autorização do MEC [Ministério da Educação], e não temos certeza se isso ocorreria", completou.
Procurado pela reportagem do UOL Educação, o advogado Marcio André Mendes Costa afirmou que foi convocado apenas uma vez pela CPI e informou por email da ausência. “O deputado Paulo Ramos deve ter sido mal informado. Eu estive na Alerj no gabinete do deputado Robson Leite (PT), relator da CPI. Estou à disposição para prestar esclarecimentos. A hora que a CPI me convocar, eu vou, mas deixei claro que minha participação hoje na Galileo é de apenas membro do Conselho de Administração”, disse.
Sobre a fusão das duas universidades, o advogado alega que o processo não aconteceu. “Não houve fusão. As duas instituições pertencem à mesma administradora. Existe um protocolo no MEC para a unificação das mantidas, que é o nome correto para o processo".
Crise
Em abril deste ano, os professores das universidades administradas pela Galileo Educacional cruzaram os braços em uma greve que durou um mês. De acordo com os docentes, parte dos salários de dezembro, janeiro e março e também o 13º salário de 2007 estavam atrasados.
Em maio, foi a vez dos alunos protestarem. Cerca de mil estudantes fizeram manifestação no campus da Gama Filho na Piedade, bairro da zona norte do Rio, contra a falta de infraestrutura da unidade e a demissão de professores e aumento das mensalidades. Banheiros sem água, lixo acumulado nas salas de aula eram algumas das reclamações. O protesto foi encerrado em uma reunião com a reitoria, que prometeu melhorar as instalações da unidade.
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