Objetivo tem melhor escola do país e 4ª pior entre as particulares; os dois colégios são de SP
As tabelas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2011 por Escola, divulgadas na quinta-feira (22), trouxeram um dado curioso: enquanto uma unidade do Colégio Objetivo, em São Paulo, conseguiu o título de melhor escola no exame, outra, na cidade de São Joaquim da Barra (SP), a 383 km da capital paulista, foi a pior particular do Estado e a 4ª pior escola privada do país.
Segundo os números, o Objetivo Colégio Integrado teve nota média 737,15, enquanto o Objetivo/Centro Educacional São Joaquim da Barra amargou a 9507ª posição no ranking geral e “tirou” 438,79, em uma escala que vai até 1.000. O índice é menor que a nota média da prova, que foi de 494,8.
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Mas, o que separa a escola número 1 do Brasil da outra que teve um dos piores desempenhos entre as particulares?
Alunos
Segundo a coordenadora pedagógica do Objetivo Colégio Integrado, Vera Lúcia Antunes, a “dedicação” dos professores e estudantes faz a diferença e mantém a unidade paulistana no topo. “Nós damos muito mais de 3 mil horas de aula”, conta. O mínimo exigido pelo MEC são 800 horas.
Raio-X
Objetivo Colégio Integrado | Objetivo Centro Educacional | |
São Paulo | Cidade | São Joaquim da Barra (SP) |
169 | Alunos no ensino médio* | 9 |
737,15 | Nota no Enem 2011 | 438,79 |
1º | Posição no ranking | 9507º |
42 | Participantes Enem 2011 | 10 |
Médio | Etapas de ensino | Infantil, fundamental e médio |
- *Dados de 2012
- Fonte: MEC/Inep
Porém, não é fácil conseguir uma vaga no Integrado. A título de comparação, a instituição tem 169 alunos matriculados nos três anos do ensino médio em 2012, segundo dados oficiais do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais). Já outra unidade do Objetivo, que funciona exatamente no mesmo local do Integrado (na avenida Paulista, em São Paulo), tem 596 matriculados no mesmo nível.
Na instituição com mais alunos, a nota no Enem 2011 foi 613,14, em 623º no ranking geral.
De acordo com Vera Lúcia, para fazer parte da instituição de elite, o aluno pode, por exemplo, entrar por indicação de outra escola ou vindo direto de outra unidade do Objetivo. Outro método de ingresso é por meio de uma prova chamada “desafio”, que serve para a concessão de bolsas de estudo, e uma entrevista.
“Se ele for muito bem, acertar tudo ou quase tudo, é convidado a fazer parte do colégio Integrado”, diz Vera (o que não exclui, segundo ela, alunos que não tenham ido tão bem, mas que podem "evoluir"). “Você convida realmente as pessoas que se mostram interessadas em estudar.”
São Joaquim da Barra
Por sua vez, a escola de São Joaquim da Barra tem apenas nove alunos em todo o ensino médio neste ano –o que indica que ela pode nem entrar nas listagens do Enem por Escola do ano que vem, já que o MEC não divulga as instituições com menos de dez alunos no terceiro ano. Em 2011, diz o ministério, dez estudantes fizeram a prova, atingindo uma participação de 76,92%.
O UOL Educação entrou em contato com Walter Diniz Palumbo, diretor da escola. Ele questionou o número de alunos da instituição avaliados pelo exame. “Só três fizeram o Enem”, afirmou. Por esse critério, então, a nota da escola não deveria ter sido divulgada.
“Se eu tenho no colégio cem alunos, então a participação é outra. Eu não tive 70% de alunos inscritos. E é a tal história: você tem os alunos que não são comprometidos. A região é uma região pobre. Mas, agora, tem alunos lá, três ou quatro, que são expoentes. Mas isso não dá o índice total”, disse.
Questionado sobre o possível erro, o Inep disse que as escolas tiveram um tempo antes da divulgação dos resultados para a imprensa para poder contestar eventuais erros, mas não soube dizer se o Objetivo de São Joaquim da Barra havia entrado com algum recurso. Ainda segundo o Inep, não há possibilidade de estar na conta alunos de outros anos que tenham feito o Enem como treineiros, já que as planilhas consideram, somente, os estudantes concluintes.
“Não dá para comparar”, diz Objetivo “campeão”
Sobre o resultado da unidade do interior paulista, o diretor do grupo Objetivo, José Augusto Nasser, afirmou que a escola só utiliza os materiais de ensino do 1º ao 9º anos –no ensino médio, etapa avaliada pelo Enem, é usado outro tipo de material. Assim, afirmou, “não dá para comparar”.
“Eles utilizam o mesmo material? Não usam. O material não tem nada a ver. Se é que ele usa algum material”, questionou Nasser.
Palumbo, o diretor de São Joaquim da Barra, é ex-professor do Objetivo de São Paulo, segundo Vera Lúcia. “É uma franquia muito antiga. Ele é chamado de licenciante”, disse a coordenadora. “Nós vamos notificar que ele não pode usar o nome Objetivo no ensino médio”, afirma Nasser. “Você pode até achar que falhamos em não tirar o nome do ensino médio. Mas ele era nosso professor”, argumenta Vera Lúcia.
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