Topo

Jovens Embaixadores: Intercâmbio rende cursos e bolsas nos EUA para alunos da rede pública

Michelle Obama se encontra com os brasileiros do programa Jovens Embaixadores 2010 - Acervo Pessoal
Michelle Obama se encontra com os brasileiros do programa Jovens Embaixadores 2010 Imagem: Acervo Pessoal

Cláudia Emi Izumi

Do UOL, em São Paulo

05/01/2013 06h00

Eles são 37 estudantes da rede pública de ensino. De comum, estão envolvidos em trabalhos sociais, são fluentes em inglês, não tinham viajado para os Estados Unidos antes e foram escolhidos para participar do programa Jovens Embaixadores após uma seleção com mais de 16 mil concorrentes.

Esses são os principais requisitos da iniciativa encabeçada pela Embaixada dos Estados Unidos, o Jovens Embaixadores, que envia a cada ano uma leva de estudantes para um intercâmbio de três semanas naquele país.

Direto do Acre

  • Acervo Pessoal

    Após o intercâmbio em 2010, Felipe Storch de Oliveira, 19, conseguiu bolsa de estudos nos EUA. Na foto, o estudante (ao centro) aproveita a neve com colegas do Jovens Embaixadores

A partir de 2013, o programa, que surgiu em 2003, será adotado por todas as embaixadas americanas no continente americano.

“No começo, diziam que não iríamos achar estudantes na rede pública para participar”, lembra Márcia Mizuno, do setor de Educação e Cultura da Embaixada dos EUA. “A primeira coisa que a gente observa é um aumento na autoestima, principalmente quando partem para os Estados Unidos e voltam ao Brasil.”

A viagem coloca os adolescentes brasileiros em contato com a sociedade, a política e a cultura americana. Mas a viagem acaba rendendo, indiretamente, outros frutos para os participantes: cursos de inglês, bolsas de estudo, viagens para países estrangeiros e vagas em instituições de ensino.

Felipe Storch de Oliveira, 19, fará o ensino superior em Franklin and Marshall College (Lancaster, Pennsylvania)  nos próximos anos. Ele participou do intercâmbio em 2010, que lhe abriu portas para um curso de verão na Phillips Academy Andover e um ano de estudos no ensino médio da mesma escola, com bolsa integral.

Sem a Phillips, o estudante talvez nem teria obtido o Toefl [teste de proficiência em inglês, exigido nos EUA]. A escola pagou a viagem de Rio Branco (AC), onde ele morava, até Brasília, onde faria a prova, além de quitar os US$ 185 de inscrição. “Meus pais não tinham como pagar”, explica.

AO LADO DE OBAMA

O programa também prevê encontros com autoridades americanas. Para Raquel Helen Santos da Silva, 21, de Belo Horizonte (MG), foi uma oportunidade de ficar ao lado da primeira-dama americana, Michelle Obama, em 2008.

AÇÃO SOCIAL

  • Acervo Pessoal

    “Abriu minha cabeça para o que está acontecendo em nosso país”, explica Renato Dornelas, que fez o intercâmbio em 2011. Renato é voluntário em Contagem (MG) em um trabalho com jovens

“Ela é muito humilde, foi simpática e sorriu o tempo todo. Fiquei ao lado dela, compartilhando algumas das minhas experiências pessoais. Ela pediu uma salva de palmas para mim, dizendo que eu era um exemplo para o mundo. Isso foi extremamente importante para mim!”, diz Raquel, que perdeu os pais cedo e foi criada por tias e avó.

Raquel hoje estuda relações internacionais no Mount Holyoke Colle, em Massachusetts (EUA), com uma bolsa de estudo. A oportunidade surgiu depois da participação como Jovem Embaixadora.

“Estar nos Estados Unidos, viver com uma família americana, conversar em inglês o tempo todo são experiências inesquecíveis. Abriu minha cabeça não só para assuntos Brasil-EUA, mas para o que está acontecendo em nosso país”, explica Renato Martins Dornelas, 19, que mora em Contagem (MG) e fez o intercâmbio em 2011.

Atualmente ele é voluntário na organização React & Change, voltada para jovens da América Latina no combate à desigualdade de gênero por meio do empreendorismo social, artes urbanas e tecnologias de inovação.