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Notas de corte foram mais altas para alunos cotistas na maioria dos cursos da UFMG

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Imagem: Divulgação

Carlos Eduardo Cherem

Do UOL, em Belo Horizonte

07/01/2013 05h00

No primeiro ano de aplicação da Lei de Cotas, as notas de corte para a segunda fase do vestibular foram mais altas para os alunos cotistas em 58,8% de 90 cursos oferecidos pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Em 38,2% dos cursos analisados, ao menos uma das modalidades de cotas teve notas superiores às dos alunos da livre concorrência.

Somente em três cursos (3%) – direito (diurno), engenharia de produção e medicina – as notas de corte dos cotistas foram inferiores às da livre concorrência para alunos que serguiram para a segunda fase do vestibular.

O levantamento do UOL avaliou 90 cursos da UFMG, dos quais 53 tiveram notas mais altas para os alunos cotistas. A instituição oferece 112 cursos, porém, foram excluídos os cursos que requerem habilidades específicas, como dança, teatro e música.

“Nos cursos mais disputados, os estudantes de escolas públicas e particulares tiveram resultados muito próximos”, afirma a coordenadora-geral da Comissão Permanente do Vestibular da UFMG, Vera Lúcia Silva Resende.

Em engenharia química da UFMG, por exemplo, o segundo mais procurado da universidade, a nota de corte na livre concorrência e nas modalidades de cotas foram próximas. Entre os cotistas, as notas de corte variaram entre 81,35 e 84,77. Na livre concorrência, a nota mínima foi 81,60.

Mesmo no curso de medicina, um dos três em que as notas dos cotistas foram inferiores, o resultado é próximo. A nota de corte na livre concorrência foi de 85,09, enquanto as dos cotistas foram de 81,36 a 85,00.

Lei de cotas

Segundo a Lei de Cotas, as instituições federais de ensino têm que destinar em 2013 pelo menos 12,5% das vagas para as cotas, respeitando critérios de renda e a composição racial de cada Estado. Em 2016, a reserva chegará a 50% das vagas. 

A UFMG, que tem processo seletivo próprio e não faz parte do Sisu (Sistema de Seleção Unificada), oferece 6.260 vagas a egressos da escola pública divididos em quatro grupos: negros, pardos e indígenas com renda familiar per capita inferior a 1,5 salário mínimo; negros pardos e indígenas com renda familiar per capita superior a 1,5 salário mínimo; estudante com renda familiar inferior a 1,5 salário mínimo; e, finalmente, estudante com renda familiar superior a 1,5 salário mínimo.

Concorrência alta

Em alguns cursos, os cotistas tiveram notas muito maiores do que os estudantes que buscam vagas na livre concorrência. No curso de física (diurno), por exemplo, as notas de corte dos cotistas variaram de 62,29 a 68,31. A nota na livre concorrência foi de 48,97.

No curso de farmácia (diurno), as notas de corte dos alunos cotistas convocados para segunda fase ficaram entre 58,16 e 71,71. A nota de corte na livre concorrência foi de 45,93. No curso de engenharia agrícola, por sua vez, as notas de corte dos cotistas variaram de 47,42 a 61,63. A nota de corte na livre concorrência ficou em 43,78.

Para Resende, as notas de corte indicam que “os candidatos egressos de escolas públicas se mostraram bem preparados”.

Bônus nas notas

A coordenadora explica que essa situação vinha sendo verificada pela universidade em anos anteriores, quando a UFMG concedia bônus de 10% a 15% nas notas do vestibular para alunos egressos de escolas públicas.

No ano passado, 33% dos cerca de 60 mil vestibulandos se utilizaram do benefício para entrada na universidade, ano passado. Entretanto, somente 12,4% dos alunos de escolas públicas tiveram necessidade dos bônus para entrarem, segunda a especialista. Ou seja, 87,6% deles passariam no vestibular de qualquer modo.

Segunda fase

O processo seletivo da UFMG é composto de duas etapas. Os alunos convocados para a segunda fase do vestibular fazem provas entre o dia 13 e 16 de janeiro, das 8h30 às 15h30. As provas específicas do curso de dança serão feitas do dia 17 ao dia 20 de janeiro.