Topo

Crianças mais novas lidam mais facilmente com diversidade sexual

Desenho feito por aluno da rede municipal de Contagem (MG) - Acervo Pessoal
Desenho feito por aluno da rede municipal de Contagem (MG) Imagem: Acervo Pessoal

Rayder Bragon

Do UOL, em Belo Horizonte

17/05/2013 11h25

As crianças mais novas têm mais facilidade em lidar com a diversidade sexual e, consequentemente, mais propensão a respeitá-la, afirma o professor Júnior Diniz, 31, que trabalha com o tema em salas de aula da rede municipal de Contagem (MG).

O educador afirma ter percebido a receptividade das crianças ao tema ao analisar o comportamento dos alunos perante assuntos abordados na sala de aula. Ele é professor de turma com crianças de cinco anos (educação infantil), no turno da manhã, e de alunos de seis a dez anos (anos iniciais),  no período da tarde.

“A gente faz um pouco dessa discussão no turno da manhã porque, na educação infantil, é muito presente aquele conceito: isso é de menina, isso é de menino. Menino não pode colorir algo com a cor rosa. Menina não pode brincar de carrinho. Tentamos mostrar que não é bem assim”, afirmou.

Com base nisso, o professor passou a perceber que as crianças tendem a assimilar as diferenças com mais naturalidade.

“[Os alunos de educação infantil] têm muito menos preconceito que as crianças de dez anos, por exemplo. Quando você fala, exemplificando, de um casal homoafetivo, as crianças mais novas encaram isso com mais naturalidade. Elas não se importam muito se são dois homens ou são duas mulheres”, avaliou o professor.

Júnior Diniz disse que algumas crianças mais velhas, com dez anos, já estão imbuídas do que denominou de “preconceito social”.

“Quando você toca no assunto, elas já se manifestam de uma maneira mais preconceituosa, adotam uma postura de rejeição e dizem “eca”, ‘credo’. Aí, temos que trabalhar isso com elas. A gente percebe que o preconceito é construído socialmente. Então, a criança pode aprender, por exemplo, a ser racista, a ser homofóbica, sob a influência do meio em que vive se ele se apresentar como tal. Eu acho errado querer preservar a criança do debate sobre a diversidade (sexual) argumentando que isso é um assunto para adultos”, avaliou.