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Candidato do 10° Exame de Ordem faz greve de fome em frente à OAB

Antônio Gilberto da Silva, 47, faz greve de fome em frente à OAB em Brasília  - Edgard Matsuki/UOL
Antônio Gilberto da Silva, 47, faz greve de fome em frente à OAB em Brasília Imagem: Edgard Matsuki/UOL

Edgard Matsuki

Do UOL, em Brasília

08/08/2013 17h15

Desde a última terça-feira (6), a sede Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, em Brasília, conta com um novo “morador”. Trata-se de Antônio Gilberto da Silva, 47, que há mais de 50 horas só toma água, refrigerantes e soro. O bacharel em direito protesta contra a forma de correção do Exame da OAB e pede a anulação de itens da prova deste ano.

Como é o Exame da OAB


O Exame de Ordem da OAB é dividido em duas partes. Na primeira, a prova tem 80 questões de múltipla escolha. Para ir à segunda fase, é preciso acertar no mínimo 50% das questões.

Na segunda fase, o candidato pode escolher entre as provas de direito administrativo, civil, constitucional, empresarial, penal, do trabalho ou tributário. A prova é composta por quatro questões e uma peça processual, que é a criação de um argumento para um caso hipotético 

Passa ser aprovado, é preciso alcançar a média 6. 

Gilberto, que mora em São Paulo, decidiu iniciar a greve de fome após a OAB decidir manter o gabarito final do 10º Exame de Ordem Unificado, realizado no dia 16 de junho.

“Cheguei aqui no domingo e participei dos protestos com outras cem pessoas. Depois da injustiça gritante desse exame, decidi parar de comer”, diz.

Para realizar o protesto, Gilberto conta com a ajuda de outros bacharéis de direito. “Uma pessoa sempre fica as noites comigo para o caso de eu passar mal. A barraca e o colchão que tenho usado também foram emprestados. E sempre alguém me traz bebidas. Peço refrigerante pela quantidade de açúcar que tem, me mantém menos debilitado”, diz.

Manifestante diz que correção de exame foi “porca”

Neste ano, Gilberto havia prestado a prova para direito do trabalho na segunda fase do exame. O manifestante se diz prejudicado na prova. “Algumas respostas minhas estão iguais às do gabarito, mas mesmo assim foram zeradas. A prova foi corrigida de forma porca. Os recursos não foram avaliados, tanto que as respostas foram todas padronizadas”, afirma. 

Ele afirma que foram questões sobre conteúdos de fora do edital no exame deste ano e pede a anulação da peça (entenda como é o exame da ordem no quadro ao lado) exigida na segunda fase da prova. “Não tínhamos informação suficiente para fazer a peça. Exigimos a anulação delas e a aplicação dos pontos aos alunos”, diz.

O grupo que Gilberto participa denominado “Comissão de Injustiçados em Direito do Trabalho na 2ª Fase do 10° Exame da OAB” também pede transparência em relação a detalhes de como é feita a prova. “Queremos saber quem são os examinadores da banca, se são da FGV ou de uma empresa terceirizada. Queremos saber quais são os critérios de correção”, diz Gilberto. 

A prova deste ano foi organizada pela FGV. Dos 124.951 inscritos, 33.965 foram aprovados - uma taxa de 28,08%.

Outras greves de fome

Não é a primeira vez que o manifestante realiza uma greve de fome. Em 2005, quando trabalhava na Fundação Casa, Gilberto fez duas greves de fome: de 14 dias em São Paulo e de 22 dias em Brasília. Na época, ele conseguiu alcançar o objetivo de se encontrar com a então ministra do STF, Ellen Gracie.

Até o momento, nenhum representante da OAB foi conversar com o manifestante sobre possíveis negociações. Porém, o bacharel em direito diz que não pensa em acabar com a greve de fome enquanto a prova deste ano não for revista. Durante uma hora de conversa, disse umas cinco vezes a frase “só saio daqui morto ou com o direito adquirido”.

A assessoria de imprensa da OAB foi procurada para comentar sobre o protesto, mas não foi encontrada.