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EAD é alternativa para Educação de Jovens e Adultos

Vanderlei Edson Assis, 47, passou no curso de direito após concluir os estudos na modalidade EAD - Arquivo Pessoal
Vanderlei Edson Assis, 47, passou no curso de direito após concluir os estudos na modalidade EAD Imagem: Arquivo Pessoal

Bruna Borges

Do UOL, em São Paulo

20/09/2013 13h22

Vanderlei Edson Assis, 47, acaba de ser aprovado no curso de direito de uma faculdade particular em São Paulo. A conquista, por si só, seria digna de vitória. Mas, há um ano, Vanderlei não tinha sequer diploma de ensino fundamental. Ele se "formou" por meio de um programa de EJA (Educação de Jovens e Adultos), na modalidade (Ensino a Distância).

A flexibilidade para tocar o curso no seu ritmo e nos seus horários foi o motivo de o segurança ter conseguido deslanchar. Ele aproveitou o período de convalescença de uma lesão na perna. "Nunca é tarde para estudar", diz Vanderlei incentivando outros adultos.

“Eu acho se fosse voltar para escola tradicional, não teria paciência. Para mim foi muito bom. Eu tive que aprender na raça. Colegas também ajudaram”, explica o segurança.

São Paulo

O Estado de São Paulo oferece um método flexível de EJA. É um modo de ensino semipresencial, sem ferramentas eletrônicas para dar aulas.  O aluno não precisa ir todo dia à escola e não pertence a uma turma, seu aprendizado é individual.

O estudo é realizado por meio de apostilas fornecidas pela Secretaria de Educação e estrutura o curso da maneira que quiser. Ele pode estudar todas as matérias juntas ou separadamente, pode estudar em casa, no trabalho ou mesmo nas salas disponíveis nas escolas. Quem faz a organização do estudo é o próprio estudante -- e é ele também quem escolhe o momento de fazer a avaliação. Ele passa por provas presenciais e vai avançando no conteúdo até que passe por todos eles e receba o certificado. Ele pode ir à escola para tirar dúvidas no momento que ele tem disponibilidade, sem horários pré-definidos. As escolas também promovem oficinas, grupos de estudos e palestras em horários variados.

Rio de Janeiro

Adultos que não terminaram o ensino fundamental e o ensino médio costumam ter dificuldade para frequentar uma escola tradicional e concluir seus estudos. Para facilitar o acompanhamento de cursos de EJA, algumas secretarias de Educação se valem do EAD e suas aulas virtuais. 

EJA (Educação de Jovens e Adultos)

Marlene Bergamo/Folhapress
Segundo o MEC (Ministério da Educação) para que um curso seja reconhecido pela pasta, a duração mínima dos cursos de EJA a distância deve ter 1.600 horas para ensino fundamental e 1.200 para ensino médio. A idade mínima para fazer o curso é a mesma estabelecida para a EJA presencial: 15 para ensino fundamental e 18 para ensino médio. Toda escola deve oferecer um polo de apoio pedagógico às atividades escolares e deve garantir acesso dos estudantes à biblioteca, internet, rádio e televisão. As avaliações devem ser contínuas e presenciais. E as instituições que oferecerem este tipo de ensino devem ser credenciadas pelos Conselhos de Educação estaduais e podem ser avaliadas periodicamente.

Na cidade do Rio de Janeiro, o aluno interessado nesta modalidade de ensino passa por uma entrevista e uma avaliação para identificar seu nível de escolaridade. Depois, ele tem um período de ambientação, quando recebe informações sobre as atividades do curso, material impresso e em CD. Eles usam um programa de computador com os materiais didáticos de cada disciplina e avaliações. Essa plataforma permite a interação entre alunos e os professores tutores. Eles podem acessar a plataforma de casa e seguir o curso sem frequentar aulas regulares. Quando tiverem dúvidas, podem ir até um polo presencial para receber atendimentos dos professores. São oferecidas 300 vagas de ensino fundamental no município.

O polo presencial da cidade é o CREJA (Centro de Referência Municipal de Educação de Jovens e Adultos) disponibiliza laboratório de informática, sala de leitura, sala da EAD com notebooks e acesso à internet e auditório para aulas interdisciplinares.  Alguns alunos já possuem alguma experiência do uso de computadores, mas grande parte é usuária somente das redes sociais. Por isso o curso também promove a inclusão digital para os que até então não tinham acesso. 

Segundo a Secretaria de Educação do município do Rio, a tutoria dos professores é oferecida diariamente. Também são organizadas várias aulas interdisciplinares presenciais, que focam em temas de atualidades. Os alunos podem escolher uma delas para assistir e, em seguida, realiza-se uma avaliação virtual sobre o assunto. “O EAD é uma possibilidade, importante e necessária, para o atendimento de uma parcela da população que não pode estar presencialmente nos espaços escolares. As atuais demandas sociais, cada vez mais, exigem a inclusão digital e escolaridade compatíveis com uma sociedade em constante movimento”, afirma a secretaria por meio de nota. 

Brasília

O Distrito Federal oferece um modelo semelhante de ensino. Sandra Amélia, gerente da Coordenação de Jovens e Adultos da Secretaria de Educação,  explica que esse modelo é importante porque é um tipo de estudo que se adapta às necessidades do aluno, pois ele precisa apenas de acesso à internet para conciliar estudos e a sua carga horária do trabalho. Para a gerente, o aluno precisa ter bastante disciplina para conseguir estudar os conteúdos necessários. Em escolas do Distrito Federal é exigida a participação de um mínimo de 20% aulas e atividades presenciais desenvolvidas nas escolas.  Em geral, os alunos só utilizam computador, porque a programa de estudos é muito pesado para ser utilizado em celulares e tablets. “Quem faz EJA quer poupar tempo e em celulares a navegação pode ficar lenta”, explica Sandra.

Na EJA a distância é a carga horária necessária para se obter o certificado é a mesma que na presencial. As instituições controlam esse tempo de estudo por meio de fóruns de participação, chats com os professores e atividades que testam os conhecimentos, além do envolvimento com as atividades promovidas nos polos presenciais como debates e palestras. 

O uso do polo presencial também promove inclusão digital. Alguns alunos já utilizam o computador, mas apenas em redes sociais. Esses polos oferecem cursos mais complexos. 

Com o crescente aumento da procura por este modelo de ensino, a secretaria do Distrito Federal está tentando ampliar o número de vagas. “Queremos atender os alunos com deficiências físicas e, portanto, dificuldades de transporte.”