Em reestreia no Twitter, presidente Dilma escorrega no português
Esta manhã de sexta-feira (27) foi agitada para Dilma (Rousseff, a presidente) e Dilma (Bolada, perfil humorístico da presidente).
Para marcar a reestreia da primeira (o perfil oficial da presidente) no Twitter, a “outra” (desculpe-nos, diva Bolada, mas a original tem suas prerrogativas) conduziu uma entrevista com a presidente. Foi um evento que repercutiu na mídia. Aqui no UOL é assunto da Home, com a matéria “Dilma volta ao Twitter com entrevista a perfil fake e lança Instagram e Facebook”.
A presidente escorregou no português ora se esquecendo de usar a vírgula, ora se excedendo no emprego desse que é um dos sinais de pontuação mais difíceis de usar seguindo a "norma culta" (é assim que chamamos a aplicação estrita das regras ortográficas e gramaticais).
Mas caiu na rede... é peixe! E o UOL Educação puxou a lupa do bolso para apontar os erros (quem nunca?) e mostrar como a linguagem usada no dia a dia (coloquial) pode atrapalhar qualquer mortal na hora de juntar letrinhas. Um alerta: em caso de escrever redações de vestibular ou textos oficiais, nada de deslizes. O que vale é a cartilha das regras.
Veja o primeiro tuíte:
De varinha em riste, o UOL Educação mostra que, nesse caso, a frase deveria ter mais vírgulas:
"Bom dia (vírgula) linda (vírgula) maravilhosa, sempre acompanhei você. Não me dê bom dia, mas me dê bons resultados"
Quando a gente está chamando alguém, esse termo que na “língua” da gramática se chama vocativo precisa estar isolado dos outros termos por vírgula. Exemplificamos para ajudar: “Menino, não faça isso!”; “Já estou chegando, amor” ou ainda “José, você mandou o recado?”.
Começar uma frase com pronomes oblíquos (me, lhe, por exemplo) está errado pela norma culta. Principalmente, se a frase for uma ordem (modo imperativo afirmativo) – caso do “me dê bons resultados”. No entanto, é preciso dar uma de Tim Maia: "Me dê motivo" para justificar a Rousseff: fica muito artificial essa utilização. Algum internauta se imagina fazendo um pedido assim no restaurante: “Dê-me um café”? Existe um poema em que Oswald de Andrade faz uma brincadeira com isso (Pronominais).
Lembramos mais uma vez: em provas, esqueça o uso da linguagem falada e capriche nas normas gramaticais.
Outro uso da vírgula: linda e maravilhosa são duas qualidade da Dilma Bolada e, por isso, a melhor maneira de escrever seria com vírgulas. Também poderia ficar assim: “Bom dia, linda e maravilhosa”.
Na lista (varinha segue em riste), apontamos ainda um exagero nos “mas”. A presidente deveria ter optado por usar esse conectivo de oposição apenas uma vez para não confundir a ideia do tuíte.
Se, na postagem anterior, Dilma oficial esqueceu umas vírgulas, aqui uma sobrou.
Quem aposta contra o Brasil sempre perde.
Segundo a norma culta, sujeito ("quem aposta contra o Brasil”) e predicado (“sempre perde”) não podem ficar separados por vírgula. Ainda assim, há teóricos que discordam e acham que, em nome do ritmo da frase, uma vírgula pode perfeitamente estar aí (diga a frase com a pausa entre sujeito e predicado e você vai entender o que estamos querendo dizer).
Depois desse desfile de regras, a equipe do UOL Educação espera não ser tachada por aí de polícia gramatical. Afinal, no Twitter, assim como na linguagem da conversa do dia a dia, o que vale é se fazer entender. Mas repetimos (sim, pela terceira vez, para você entender a importância disso) que, nas provas, a norma culta deve reinar soberana, pois é dela que você vai precisar para se aprofundar em qualquer campo do conhecimento.
*Com a ajuda inestimável de Thaís Nicoleti, consultora de língua portuguesa do UOL e da Folha
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