Sem carteiras, escola faz rodízio de aulas no interior da Bahia
Uma escola pública de Vitória da Conquista, a 509 km de Salvador, no sudoeste da Bahia, implantou um rodízio de aulas, diante da falta de carteiras escolares para os estudantes. Ao menos uma vez na semana, cerca de 80 alunos de duas turmas ficam sem estudar.
Essa alternância de alunos nas salas de aula ocorre desde o início do ano letivo, dia 20 de janeiro, na Escola Municipal Professora Fidelcina Carvalho Santos, no bairro Urbis VI, periferia da cidade, e se tornou público por meio dos próprios alunos, indignados com a situação.
A diretoria da escola, que possui 850 alunos, da 5ª a 8ª série, informou que há dois anos vem solicitando reposição das carteiras, mas isso nunca ocorreu.
Na unidade escolar podem ser observadas carteiras escolares velhas e quebradas, algumas sem o encosto do braço e das costas. Em outras, a madeira do acento já se soltou e os pregos estão expostos, o que leva risco do aluno se machucar. Os estudantes estão indignados.
“Já fiquei três dias sem aula este ano, a última vez foi na quarta feira passada. Se fosse por outro motivo mais grave, a gente até poderia entender, mas por falta de carteira é complicado”, disse o aluno Isaac Braia, 13, da 6ª série.
“Passei o dia todo catando jamelão, pois tava sem aula [na última quinta-feira]”, contou o estudante Henrique Almeida Santos, 13, da 5ª série.
A escola também está com paredes sujas, vidros de janelas e telhado quebrados.
Sem água
Os alunos relatam também outros problemas. “A escola fica sem água direto, o banheiro só vive entupido e sem poder usar”, disse Henrique.
Quando chove, dizem eles, molha a sala toda, devido aos telhados quebrados. “A gente não sabe se molha mais dentro ou fora da sala”, comenta a estudante Aline Reis, 13 anos, da 8ª série.
Indisciplinados
Sobre os problemas estruturais da escola (vidros e telhados quebrados e parede suja), o secretário municipal de Educação, Ricardo Marques, disse que é fruto da indisciplina dos alunos.
“Reformamos a escola em novembro de 2011, a entregamos toda equipada. Com seis meses, ela já estava deteriorada”, afirmou Marques, segundo o qual a secretaria fará uma intervenção na escola, visando educar os alunos para a conservação do patrimônio público.
O secretário Ricardo Marques disse que já mandou 200 carteiras para Escola Municipal Professora Fidelcina Carvalho Santos, em substituição às velhas e quebradas, e que já foi concluída licitação para compra de 6 mil novas carteiras escolares. Alunos disseram que as carteira enviadas são usadas e velhas.
Os alunos também reclamaram sobre a falta de livros didáticos. Sobre isso, Marques disse que a falta dos mesmos ocorreu porque houve aumento da demanda de estudantes.
“Recebemos do MEC [Ministério da Educação] este ano a quantidade de livros referente aos alunos de 2013, quando eram 42 mil. Este ano, estimamos estar com quase 45 mil estudantes. Já solicitamos novos livros e eles estarão chegando este mês”, declarou.
Para o vice-presidente do Simmp (Sindicato do Magistério Municipal Público), Adail Souza, o problema na escola é de falta de planejamento da Secretaria Municipal de Educação.
“Ele não se restringe apenas a essa escola, há outras que estão com falta de carteiras escolares e sem materiais didáticos também. Viemos falando sobre isso há anos”, disse o sindicalista, para quem todas as carteiras escolares do município deveriam ser substituídas.
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