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Não quero voltar para a escola, diz estudante agredida em Sorocaba (SP)

Na foto, Júlia antes da agressão - Reprodução/Facebook
Na foto, Júlia antes da agressão Imagem: Reprodução/Facebook

Eduardo Schiavoni

Do UOL, em Americana (SP)

17/09/2014 20h32Atualizada em 17/09/2014 20h34

A estudante Júlia Apocalipse, de 13 anos, não pretende voltar para a Escola Estadual Hélio Del Cístia, em Sorocaba, onde foi agredida por uma garota de 16 anos no início deste mês. “Eu quero estudar, mas não quero voltar para a escola”, diz.

Aluna da 7ª série do ensino fundamental, ela deixou de ir à escola no último dia 9, quando foi agredida, e espera que o pai consiga uma vaga em uma escola particular da cidade. Júlia teve danos em três dentes – dois deles perdidos de forma permanente - e ficou com hematomas no rosto.

A briga começou na porta da escola e terminou dentro da instituição de ensino, no dia 9 de setembro. A Polícia Civil de Sorocaba investiga a agressão.

A adolescente que agrediu Júlia disse, em depoimento à polícia, que a briga aconteceu depois de Júlia ter chamado, pelas redes sociais, uma amiga dela de “macaca”. Júlia e a família negam a versão.

“Eu não tenho problema em estudar em qualquer lugar, mas acho que, se for para outra escola pública, seja estadual ou municipal, essa situação vai continuar e ninguém vai fazer nada. Não tenho mais segurança”, disse a estudante. “A briga foi em boa parte dentro da escola. Ninguém fez nada”, ressaltou.

Por enquanto, Júlia continua matriculada na mesma escola. “Estamos vendo o que vamos fazer. Vou atrás de opções, ver o que consigo”, disse Jairo Apocalipse, pai da vítima.

Tratamento

Na tarde de hoje, Júlia esteve com o pai em uma clínica particular de Atibaia. Ela passou por exames e já recebeu uma prótese provisória no lugar dos dentes perdidos. Segundo Jairo, o tratamento será doado pela clínica. “Eu não tenho condições para arcar com esse custo”, disse.

Júlia tem dificuldades para comer e diz que está traumatizada. “Eu sei que vou ter que ir a um psicólogo. Ainda não consigo olhar direito para o meu rosto”, diz.

Ela afirma ainda que, junto com os dentes, perdeu também uma de suas principais rotinas, que era usar as redes sociais para postar selfies e fotos com as amigas. “Gostava de ver as fotos de rosto, publicar, mostrar para as pessoas. Mas não estou mais nas redes sociais”, conta.

Segundo Jairo, a medida foi adotada pela família para impedir que mensagens negativas chegassem a ela. “Ela não tem mais Facebook, não está no WhatsApp. Achamos que era hora de dar um tempo, cuidar dela”, disse o pai.