Grevistas protestam no Alvorada: 'Lula só valoriza educação na mídia'
Servidores federais e professores universitários foram à porta do Palácio da Alvorada nesta manhã (18) protestar por aumento salarial e reestruturação de carreira.
O que aconteceu
Mais da metade dos institutos federais estão em greve. São ao menos 470 campi dos 687 parados desde o início de abril, diz o Sinasefe (Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica). Nesta semana, as universidades federais também aderiram. Pelo menos 15 estão em greve, afirma a Andifes, associação que reúne os reitores das universidades federais.
"Acorda, Lula!" Os grevistas chegaram por volta das 7h, mas não puderam ir até o portão do palácio, aberto à visitação só a partir das 10h. Cerca de cem pessoas ficaram na barreira, falando por alto-falante e megafone, pedindo que o presidente fosse até eles —mas não foram atendidos.
As categorias têm reclamado que as negociações com o Ministério da Educação não têm avançado. Os docentes pleiteiam aumento salarial de 22%, dividido em três anos (7,06% em cada um, começando em 2024), ao passo que os servidores técnico-administrativos em educação pedem 117%. Por enquanto, o governo ofereceu 9%, dividido em dois, a partir de 2025 (4,5% em cada um).
Uma nova rodada de negociações está marcada para amanhã (19), às 10h —será a quinta, segundo os grevistas. Ao UOL o MEC afirmou estar "atento às demandas" e que "segue em diálogo franco e respeitoso" com os grevistas.
"Só valoriza na mídia"
Com maioria absoluta de eleitores de Lula, os manifestantes dizem sentir "frustração" com o governo. "A gente está entendendo que as mesas de negociação não têm avançado: só fica no discurso. A gente sai com eles dizendo que a recomposição é atrelada ao orçamento e que vai ter pauta não econômica atendida, mas nem isso acontece", reclama Jennifee Web, diretora do Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior).
Nós fizemos campanha [para o Lula] porque precisávamos. Não tem arrependimento, mas frustração. Ele diz que valoriza [a educação] na mídia, mas não na prática.
Ivanilda Reis, coordenadora da Fasubra
"Nosso eixo principal é a reestruturação da carreira. Estamos há 19 anos sem nenhuma proposta", reclama Ivanilda Reis, coordenadora da Fasubra, a federação de sindicatos dos técnico-administrativos em instituições de ensino superior públicas. Segundo ela, a categoria tem a menor média salarial entre os servidores da educação federal: R$ 3.000 por mês.
"Nada concreto." Patrícia Sebastião, servidora da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro), diz que o MEC tem participado da negociação, mas sem sucesso. "Eles não têm uma proposta, não apresentam nada de concreto. A educação continua sendo desvalorizada, a gente esperava muito mais desse governo", diz a servidora.
Os servidores também criticavam a decisão do governo de construir cem novos institutos federais até 2026. Pediam que o dinheiro fosse para os salários dos funcionários e para a melhoria dos IFs já existentes.
Não tem como não chamar de enrolação. Queremos que o MEC apresente proposta de fato. Elegemos o governo para que a educação e a saúde sejam prioridade. Não para dar dinheiro para banqueiro e empresário.
Loiva Chances, coordenadora da Fasubra
MEC diz que constrói alternativa
O MEC diz que está acompanhando as paralisações e negociando com os grevistas. "Equipes da pasta trabalham com o governo para apresentar proposta de reestruturação da carreira de técnicos e construir alternativas de valorização dos quadros de servidores", respondeu o ministério. "Os esforços são para que o acordo seja assinado da forma mais célere possível, para envio do projeto de reestruturação dos técnicos ao Parlamento", completou a pasta.
O ministério destacou ainda que designou quase R$ 700 milhões extras para os institutos federais em 2023: R$ 388 milhões para custeio e assistência estudantil e R$ 310 milhões para obras, laboratórios e aquisições de equipamentos e mobiliário.
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