Professor de SP usa Minecraft para estimular criatividade e cooperação
Na sala ampla e iluminada em que acontecem as oficinas de jogos, há sempre música tocando e, se os alunos preferirem, não precisam usar sapatos. A intenção é que, ali, os estudantes, com idades que variam de 11 a 14 anos, tenham um ambiente estimulante para suas criações.
Quem nos conta isso é o professor Francisco Tupy, 34, responsável pela atividade extracurricular no Colégio Visconde de Porto Seguro, em São Paulo.
O projeto "Ópera Tecnológica", que ele nos apresenta, foi um dos três finalistas brasileiros -- entre 114 inscritos na América Latina -- no Fórum Global de Educadores promovido pela gigante Microsoft.
Usando o Minecraft, jogo de computador de construção com blocos e uma febre entre os adolescentes, Tupy promoveu atividades em que os alunos precisaram adotar estratégias para seus produtos, aprenderam a trabalhar em grupo e de maneira coordenada e ainda foram estimulados a promover o diálogo por meio de suas criações.
Regras de qualidade
A reportagem do UOL conversou com alunos no final de fevereiro. O grupo era composto por Alexandre Duarte Pieirantone, 11, Flávio Borges Tolezano, 12, Guilherme Alvarenga Shintate, 12, Kevin Prestes Vieira, 13, Marina Braga, 12 e Nicolas Vicelli Martini, 13. E foram eles que explicaram como os jogos são elaborados.
Todos se interessaram pela atividade -- 1h30 a mais por semana na carga horária -- por um motivo bem simples: gostam de jogar no videogame ou computador e de tecnologia. Por isso, Mariana conta, não esperavam que a oficina incluísse a confecção de jogos analógicos, de tabuleiro.
Kevin completa que aprendem além de "fazer o jogo", eles se capacitam para trabalhar em equipe. E é em grupo que os estudantes vão contando mais sobre as atividades.
Eles seguem três regras, conta o professor. Em primeiro lugar, foco -- eles estão ali para fazer o jogo. A segunda é cooperação -- o time precisa estar coeso e trabalhar em equipe. E, por último, eles nunca aceitam o primeiro resultado porque ele sempre pode melhorar.
Mão na massa
O "Ópera Tecnológica " foi um projeto em que os alunos criaram diversos jogos -- com cartas (cards), tabuleiro, além da construção de um castelo com mais de 100 mil blocos dentro do ambiente do Minecraft -- com base na famosa obra "O Anel dos Nibelungos" do compositor alemão Richard Wagner (1813-1883).
A ideia, conta Tupy, era aproveitar o envolvimento do colégio com a cultura da Alemanha -- o Porto oferece ensino de alemão -- e apresentar a saga de Wagner aos alunos.
"A oficina de games mostra que o jogo extrapola o próprio jogo", diz Tupy. "Utilizamos o que os jovens gostam em benefício da formação deles, desenvolvendo habilidades vocacionais e sociais que as demais disciplinas convencionais não desenvolvem."
Além disso, Tupy usa a ópera como metáfora para o projeto: as habilidades de cada um compõem a obra final. Nesse processo, o professor, que faz doutorado na USP (Universidade de São Paulo), articula teóricos da aprendizagem (Piaget), das múltiplas inteligências (Gardner) e da tecnologia na educação (Moran).
"A tecnologia propicia prática", explica a diretora geral do departamento Tecnologia Educacional, Renata Pastore, 50. Segundo ela, o uso da tecnologia traz opções para o professor estimular o aluno a ser protagonista, além de possibilitar o trabalho do conteúdo de maneira direta.
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