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Greve dos professores do PR completa 40 dias nesta semana

Lucas Gabriel Marins

Do UOL, em Curitiba

03/06/2015 16h34

A greve dos professores da rede estadual de ensino do Paraná completa 40 dias nesta semana. De um lado, os docentes pedem reajuste de 8,17% da data-base e melhorias de questões trabalhistas. Do outro, o governador Beto Richa (PSDB) alega não ter condições financeiras de arcar com o pedido deles.

Para pressionar o governo, os professores têm realizado protestos em todo o estado e devem continuar com a greve. Na segunda-feira (1º), cerca de 20 docentes se reuniram na frente da casa do deputado estadual Alexandre Curi (PMDB). No dia 18 de maio, eles haviam protestado na residência do deputado estadual Luiz Cláudio Romanelli (PMDB). 

A categoria deve realizar uma assembleia na próxima terça-feira (9) para decidir as futuras ações, mas a volta às aulas está descartada. Segundo a APP-Sindicato, 90% dos professores ainda estão em greve. O número, no entanto, é contestado pela Secretaria da Educação, que afirma que 85% das mais de 2 mil escolas da rede estadual de ensino estão com funcionamento parcial.

Política

Por causa dessa queda de braço, a bancada do governo na Assembleia Legislativa encaminhou na segunda-feira ao Palácio do Iguaçu, sede do governo do estado, uma nova proposta de reajuste salarial, que sugere pagar 3,45% do reajuste da data-base no mês de outubro e mais 4,72% em dezembro, zerando os 8,17% de reposição inflacionária de 2014 ainda neste ano.

Ontem, no entanto, o chefe do executivo estadual recusou a proposta do legislativo e disse que mantém o reajuste sugerido por ele na semana passada: 3,45% neste ano, divididos em três parcelas, a serem pagas em setembro (1,15%), outubro (1,15%) e novembro (1,15%).

Para o presidente da APP-Sindicato, o governo tem sido intransigente em não dialogar. ‘’Poderíamos adiantar uma assembleia em vista disso, para a categoria avaliar a possibilidade de suspensão da greve. Mas o governador, que se diz publicamente um homem do diálogo, simplesmente disse não”, relata o presidente da entidade, Hermes Leão.

O governo, nessa queda de braço, tem lançado mão de diversos artifícios para desestruturar o movimento. Um deles foi ter criado um link chamado ‘’Remuneração dos professores’’ no Portal da Transparência do Executivo, que facilita a pesquisa sobre os salários dos professores. O problema, alega os docentes, é que os valores apresentados não são ‘’reais’", pois no mês usado como parâmetro há outros montantes, como o terço de férias atrasado, por exemplo.

O governo também decidiu cortar o salário dos professores. Por meio de nota, anunciou que todos os dias de greve serão descontados.  O poder judiciário também deu outra ''rasteira'' nos professores. A 5ª Câmara Civil do Tribunal de Justiça do Paraná negou, na tarde desta terça-feira, um recurso da APP-Sindicato e manteve a liminar que considera a greve ilegal. Levando em consideração os 36 dias de greve, a entidade já deve 1,4 milhão.

A greve dos professores, que completa 40 dias no final desta semana, afeta 1 milhão de alunos em todo o Paraná, segundo a Secretaria de Educação.