Uberaba proíbe cartilha de vereador evangélico: 'estímulo à intolerância'
Depois de um vereador iniciar por conta própria a distribuição de uma cartilha contra a "ideologia de gênero" em Uberaba, em Minas Gerais, a secretária da Educação do município, Silvana Silva Pereira, proibiu a utilização do material nas escolas da cidade.
"Jamais permitiremos que concepções sectárias, de estímulo à intolerância e à discriminação, de incentivo à cultura do preconceito com as diferenças, sejam mediadas por nossas escolas", disse a secretária nas redes sociais.
Com o título Ideologia de Gênero - Entenda o risco que você e seus filhos estavam correndo, a cartilha começou a ser distribuído há poucos dias com a justificativa de orientar os pais e estudantes sobre a proibição das discussões de gênero nas escolas, aprovada por lei no município.
"Pai e mãe, existem organizações muito ocupadas em destruir nossa família. Dizem que o povo é muito fora de moda e precisamos deixar os ensinamentos dos antigos e nos abrirmos às novidades", diz a cartilha.
Silvana afirmou que "não houve e não haverá" autorização para a distribuição dessa cartilha nas escolas da cidade. "Temos equipe técnica, gestores , educadores e profissionais de apoio preparados e comprometidos com uma educação libertadora, solidária, pautada nos princípios da igualdade, da ética e da justiça, que não se dobrarão a nada que venha interferir no processo educacional sem o aval do coletivo, do sentimento democrático, amplamente discutido e constitucionalmente fundamentado. Nossa escola é laica e assim continuará", disse a secretaria.
Iniciativa
A cartilha foi elaborada e distribuída por iniciativa do vereador evangélico Samuel Pereira (PR), que disse à imprensa local ter levado o material "em locais onde identificou ideologia de gênero".
A lei foi aprovada em novembro, mesmo com parecer contrário da Comissão de Justiça da Câmara. Na ocasião, religiosos comemoraram a proposta. Para o presidente do Conselho de Pastores de Uberaba, Carlos Wilton, foi uma "vitória da família". A Igreja Católica também apoiou a iniciativa. Já entidades ligadas aos trabalhadores da educação se colocaram contra.
Em nota, a assessoria da Câmara de Uberada afirmou que "a discussão foi democrática, com espaço aberto para exposição de pensamentos de todos os segmentos" e não vê preconceito ou intolerância.
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