Outubro é rosa
A campanha do Outubro Rosa iniciada nos Estados Unidos na última década do século passado se difundiu rápido pelo mundo. No Brasil, as primeiras iniciativas de iluminação dos monumentos públicos datam do ano 2000. Mas, a adesão ao rosa começou para valer em outubro de 2008, com a iluminação do Cristo Redentor no Rio de Janeiro.
Desde então, a campanha de prevenção do câncer de mama vem conquistando a participação de empresas e organizações públicas e privadas em duas frentes: a ampliação da oferta de exames e a orientação por meio de palestras e cartilhas.
Para quem vive nos grandes centros urbanos, a campanha já se incorporou ao calendário. Para quem vive em áreas distantes, sem acesso a atendimento médico e centros de saúde, ainda há muito a se fazer. Por isso, a mobilização deve ser constante e toda e qualquer divulgação é significativa para alcançar a população feminina ainda apartada de seu direito à saúde.
Outubro também é rosa por causa do Dia Internacional da Menina, que a ONU passou a registrar pela primeira vez em 11 de outubro de 2012. É a questão de gênero na pauta dos desafios globais, reforçada, inclusive, pela criação da ONU Mulher, em fevereiro de 2011.
Desequilíbrio
A desigualdade de gênero é uma das mais sérias e desafiadoras questões de direitos humanos, porque está arraigada na formação cultural de povos de todo o mundo. As mulheres, principalmente aquelas que vivem em situação de extrema pobreza, são vítimas de trabalhos forçados, violência e muitas formas de discriminação. Esses ataques à natureza feminina não começam na vida adulta, mas na infância e adolescência. Quanto mais pobres, mais as meninas estão sujeitas à ignorância, à falta de acesso à educação, aos maus tratos e ao abuso sexual.
Em seu site, a Plan International, uma das mais atuantes ONGs mundiais em defesa dos direitos das crianças, apresenta os resultados de uma pesquisa inédita no Brasil. Foram ouvidas 1.771 meninas de 6 a 14 anos de idade, das cinco regiões do país, sobre direitos, violências, barreiras, sonhos e superações.
Das respostas, a Plan pôde apurar, por exemplo, que enquanto 76,8% das meninas lavam louça e 65,6% limpam a casa, apenas 12,5% de seus irmãos homens lavam a louça e 11,4% limpam a casa. Entre as meninas, 34,6% cuidam dos demais irmãos, enquanto 10% dos meninos exercem a mesma tarefa. Além disso, uma de cada cinco meninas disse conhecer outra menina que já sofreu violência e 13,7% do total das entrevistadas confirmaram que trabalham ou já trabalharam.
Chama a atenção o percentual de meninas que disseram realizar trabalho doméstico na casa de outras pessoas – 37,4% –, ou seja, são pequenas empregadas domésticas, sendo que os maiores percentuais foram de meninas de Mato Grosso (50%) e do Pará (46,2%).
Ser feliz
Estudar (89,2%) e ter uma vida saudável (87,6%) são importantes para as meninas entrevistadas e ainda mais para as meninas quilombolas que também participaram da pesquisa. Delas, 94,6% indicaram o estudo e 90,6% a vida saudável como os pontos principais para serem felizes.
Brincar, fazer amizade com meninas da própria idade, cuidar de si própria e do meio ambiente, assim como conhecer seus direitos, desenvolver talento artístico e praticar esportes também foram temas que receberam percentuais mais expressivos entre as meninas.
Não há como avaliar a totalidade das informações neste espaço, mas vale a pena o leitor dedicar um tempo para a leitura da íntegra da pesquisa no site da Plan.
Trata-se de uma bela contribuição “para que no Brasil as meninas possam ser ouvidas, respeitadas e ter seus direitos garantidos e implementados”, como diz Anette Trompeter, Diretora Nacional da Plan International Brasil no texto de abertura da pesquisa.
Assim como o sucesso da campanha do Outubro Rosa, a igualdade de gênero depende do empenho de todos nós para que as meninas tenham direito à felicidade -- no presente e no futuro.
* Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e escritor, criador desta coluna.
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