A gulosa disfarçada - A mentira tem pernas curtas
<a href="http://www.pagina3ped.com" target="_blank">Da Página 3 Pedagogia & Comunicação</a>
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- O príncipe Lagartão
- Três ladrões de ovelha
- O padre, o estudante e o caboclo
- Sapo com medo d'água
- A onça e o bode
- Os sete sapatos da princesa
- Cobra Norato
- Obra de Câmara Cascudo
- Luís da Câmara Cascudo
Um homem tinha se casado com uma mulher excelente, boa dona de casa, trabalhadeira e honrada, mas muito gulosa. Para disfarçar seu apetite, a mulher fingia-se sem vontade de alimentar-se sempre que fazia as refeições diante do marido. Porém, apesar desse regime, engordava cada vez mais.
Admirado de alguém poder viver com tão pouca comida, o marido resolveu certificar-se do que se passava. Será que a mulher não se alimentava em sua ausência? Disse que ia para o trabalho e escondeu-se num lugar onde poderia acompanhar os passos da esposa.
No almoço, viu-a fazer tapiocas de goma, bem grossas, molhadas no leite de coco, e comê-las todas, deliciada. Na merenda, mastigou um sem-número de alfenins, branquinhos e gostosos. Na hora do jantar matou um capão, ensopou-o em molho espesso, saboreando-o. À ceia, devorou um prato de macaxeiras, enxutinhas, acompanhando-as com manteiga.
Ao anoitecer, o marido apareceu, fingindo-se cansado. Chovera o dia inteiro. A mulher perguntou:
– Homem, como é que trabalhando na chuva você não se molhou?
O marido respondeu:
– Se a chuva fosse grossa como as tapiocas que você almoçou, eu teria vindo ensopado como o capão que você jantou. Mas a chuva era fina como os alfenins que você merendou e eu fiquei enxuto como as macaxeiras que você ceou.
A mulher compreendeu que havia sido descoberta e nunca mais escondeu seu apetite do marido.
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