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Terceira Guerra Púnica - Fim dos conflitos - Roma destrói Cartago

Érica Turci

A 3ª Guerra Púnica marca o fim dos conflitos entre Roma e Cartago. Em uma única batalha os romanos destruíram a civilização cartaginesa, implantando definitivamente o domínio de Roma sobre o mar Mediterrâneo, que passou a ser chamado pelos romanos de mare nostrum (nosso mar).

Cartago após a 2ª Guerra Púnica

A partir do século 2 a.C. Cartago teve de arcar com o tratado de paz imposto pelos romanos após a 2ª Guerra Púnica. Sem sua marinha mercante e suas colônias e feitorias, a economia cartaginesa sofreu grave abalo, ainda mais por ter de pagar os pesados tributos cobrados por Roma.

Contudo, os cartagineses rapidamente desenvolveram sua agricultura e passaram a exportar cereais, legumes e frutas. O aumento da produção agrícola de Cartago assustou os donos de terra romanos, que começaram a temer o crescimento econômico e a concorrência da antiga rival.

"Delenda est Cartago"

Em 152 a.C., o senador (e latifundiário) romano Catão, o Velho, viajou para Cartago e ficou assustado com a prosperidade da região. A partir de então, em todos os seus discursos no Senado, independente do assunto tratado, terminava dizendo "Delenda est Cartago" (traduzindo do latim, "Cartago deve ser destruída").

A opinião de Catão era a mesma de vários outros latifundiários romanos. E mesmo que outros senadores não apoiassem uma guerra, a posição de Catão predominou e o pretexto para a declaração de guerra ocorreu após um conflito entre a Númidia e Cartago.

A Númidia era, desde 206 a.C., um reino africano aliado dos romanos. Seu rei, Massinissa (que tinha participado da Batalha de Zama), ordenou inúmeros saques às possessões cartaginesas, aproveitando-se do fato de Cartago não poder fazer nenhuma guerra sem a permissão de Roma (uma das cláusulas do tratado de paz de 201 a.C.). Roma, por sua vez, fazia vistas grossas aos saques.

Em 149 a.C. os cartagineses reagiram a um ataque númida em Horóscopa e foram derrotados. Esse episódio, no entanto, serviu aos romanos como um pretexto para declarar guerra a Cartago.

Batalha de Cartago

Assim que as tropas romanas desembarcaram na África, representantes de Cartago prontamente se submeteram. Os romanos então, senhores da situação, impuseram condições humilhantes aos cartagineses: 300 filhos de dirigentes de Cartago seriam entregues como reféns e os cartagineses deveriam destruir sua própria cidade, transferindo-se para uma região a 15 km de distância do mar, o que significaria o fim das atividades comerciais cartaginesas, exatamente a marca de sua civilização.

Essa última condição não foi aceita e os cartagineses iniciaram um desesperado preparativo para a guerra: os escravos foram libertados e os povos submetidos a Cartago foram convocados; dia e noite fabricavam armas, fortificavam muralhas e armazenavam uma grande quantidade de alimentos.

Entre 149 e 147 a.C. os romanos foram incapazes de vencer os cartagineses: as muralhas da cidade eram muito altas para serem escaladas, por isso os romanos tiveram que abrir fendas, nas quais eram surpreendidos por um enorme contingente de soldados cartagineses.

Entretanto, no ano 147 a.C. um novo general foi designado para a guerra na África: Públio Cornélio Cipião Emiliano, considerado um dos melhores generais da época e neto adotivo de Cipião, o Africano, que tinha derrotado Aníbal na 2ª Guerra Púnica.

Cipião Emiliano cercou completamente a cidade de Cartago, impedindo seu abastecimento: os cartagineses, sem acesso a alimentos e água, começaram a adoecer. Sem forças para proteger as fendas abertas em suas muralhas pelos aríetes romanos, Cartago foi invadida pelas tropas romanas na primavera de 146 a.C. Mesmo assim, por quase uma semana os habitantes de Cartago resistiram aos romanos.

A batalha foi terrível. Rua após rua, casa após casa, os romanos trucidaram os cartagineses. Acredita-se que 85 mil soldados de Cartago foram mortos, e o número da população aniquilada é inimaginável.

O Senado Romano autorizou que os soldados romanos saqueassem todas as riquezas de Cartago e Cipião Emiliano ordenou a destruição total da cidade. Os poucos sobreviventes foram escravizados. Assim como Catão queria, Cartago foi destruída.

Consequências

A civilização cartaginesa desapareceu após as Guerras Púnicas. Sua cultura influenciou os povos berberes do norte da África, mas pouco se sabe sobre sua história. Nos documentos gregos e romanos que chegaram à nossa época, nos quais há um claro preconceito em relação aos cartagineses, podemos ver, nas entrelinhas, a grandiosidade desse povo.

No que se refere a Roma, seu domínio se ampliou: Sicília, Córsega, Península Ibérica e norte da África foram tomados dos cartagineses. Além das vitórias sobre os aliados de Cartago: a Gália e a Macedônia.

Roma já era um império em termos de terras conquistadas. Mas as mudanças políticas que aconteceriam após essa expansão territorial acabariam por derrubar a República, iniciando o período político chamado Império.

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