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"Greve política será tratada politicamente", diz Paulo Renato sobre paralisação de docentes de SP

Ana Okada

Em São Paulo

31/03/2010 13h55Atualizada em 31/03/2010 13h55

O secretário da Educação do Estado de São Paulo, Paulo Renato de Souza afirmou que a greve dos docentes da rede será tratada de forma política. "Foi uma greve que teve claramente cunho político, eleitoreiro. Portanto, acho que uma greve politica a gente tem que tratar politicamente, e politicamente é isso: nós vamos recebê-los assim que o movimento terminar", disse, em coletiva à imprensa na manhã desta quarta-feira (31), para a divulgação dos resultados da bonificação por mérito do professorado.

Segundo o secretário, o caratér "eleitoreiro" do movimento ficou claro "nos palanques": "Isso ficou demonstrado não só pelo fato de a greve ter sido anunciada em dezembro, mas por todas as manifestações que houve nesse período, tratando de desgastar a figura do governador", afirma.

O sindicato dos professores da rede convocou a categoria para uma assembleia nesta quarta-feira (31). O encontro está marcado para 14h, no Vão Livre do Masp (Museu de Arte de São Paulo) e deve decidir se a greve continua. Segundo a associação,o protesto marca também o "bota-fora" do governador José Serra (PSDB). Serra anunciou que deixaria o cargo no dia 31 de março para concorrer à Presidência.

 Na segunda-feira (29), o PSDB, partido do governador José Serra, havia afirmado que entraria com representação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) contra a Apeoesp, que é filiada à CUT (Central Única dosTrabalhadores) e sua presidente, Maria Izabel Noronha, por contrapropaganda eleitoral.  Segundo Maria Izabel, a mobilização dos professores ocorreria de qualquer maneira, fosse em ano eleitoral ou não. A dirigente descarta qualquer tipo de ação coordenada entre os sindicatos.

Paulo Renato também informou que no final do mês será possível contabilizar a adesão dos professores da rede à greve, com o cálculo da frequência no cartão de ponto. Com essas informações em mãos, a secretaria vai discutir em que escolas será necessária a reposição de aulas e como ela será feita.

Aperfeiçoamento x aumento

Questionado se não seria possível distribuir entre toda a rede a verba que vai aumentar o salário de 44.569 docentes em 25%, Paulo Renato disse que a intenção é "melhorar a qualidade do ensino".

"Há estudos internacionais que mostram que a melhoria na qualidade da educação está relacionada não a aumentos salariais pura e simplesmente, mas a estímulos ao aperfeiçoamento do professor. Estou olhando o resultado dos alunos, temos que mudar isso."

Valorização por mérito

Dos 64.397 professores que foram aprovados e estavam aptos a receber o aumento de 25% no salário, somente 44.569 docentes -- 20% da rede -- serão beneficados pelo programa. Ao todo, se inscreveram para a avaliação 135.841 profissionais e fizeram a prova 96.042.

O pagamento ocorre em maio e será retroativo à janeiro. Quem foi aprovado poderá concorrer a nova mudança de faixa somente daqui a três anos.

Os 19.828 docentes que tiveram pontuação para conseguir o benefício mas não foram contemplados poderão utilizar o resultado no próximo concurso de promoção, que ocorrerá em julho de 2011. Dentre as notas de 2010 e 2011, será considerado a maior.

Veja as notas de corte de cada uma das categorias:

  • PEB I: 6,75;
  • PEB II: 6,75;
  • Supervisor de ensino: 8,65;
  • Diretor de escola: 8,25.

 

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