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Enquanto greve da USP não acaba, alunos recebem comida não aproveitada do bandejão

Ana Okada

Em São Paulo

28/05/2010 20h23

Para não ficar sem refeições durante a greve de funcionários da USP (Universidade de São Paulo), que começou em 5 de maio, os alunos que moram no campus distribuem os alimentos que iriam para os bandejões para alunos da universidade. A ação é resultado de um acordo entre a universidade e os alunos, feito desde 2000, quando, durante uma greve, houve uma ocupação do bandejão central.

Ana Okada/UOL
Universitários levam comida do bandejão para ser distribuída entre moradores da residência estudantil

A Coseas (Coordenadoria de Assistência Social) destina aos alunos do Crusp (Conjunto Residencial da USP) cerca de 3.000 kg por semana de alimentos aos estudantes, entre itens como arroz, feijão, carnes, ovos, leite, óleo, sal, açúcar, farinha, verduras, legumes e frutas. Os estudantes repartem a quantia entre cerca de 450 moradores do Crusp.

Estudantes que atualmente ocupam parte do Coseas também ajudaram no transporte desta sexta-feira (28). "É importante ressaltar que os que são chamados de baderneiros e vagabundos estão aqui ajudando na distribuição dos alimentos. É uma questão política: se a gente não fizer nada, não tem moradia, não tem alimento..." diz Fábio Harano, 22, estudante de ciências sociais e um dos moradores da ocupação.

Ana Okada/UOL
USP cede cerca de 3.000 kg de alimentos para moradores do Crusp

Apesar da distribuição, os alunos alegam que o alimento não é suficiente para os 1.500 moradores do Crusp. "Estamos mandando vários ofícios para que aumentem a quantidade de comida, já que o alimento está aí... Mas não o dão para nós", diz Aline, que participa da associação de alunos da moradia estudantil.

Segundo a Coseas, os alimentos fornecidos correspondem às recomendações nutricionais das refeições principais de um aluno da USP e foram calculados de acordo com as solicitações dos anos anteriores, atualizadas para o fornecimento de 5.400 refeições. "A solicitação enviada à Coseas vem sendo atendida de forma crescente, buscando evitar a falta de alimentos in natura", afirma a coordenação.

Greve

O Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP) fará reunião com representantes da USP (Universidade de São Paulo) na próxima segunda-feira (31), às 10h, na sede da Fuvest. Além de reivindicar a recuperação da isonomia salarial, os funcionários pedirão que o reitor da instituição, João Grandino Rodas, apoie a causa dos funcionários e a leve para o Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas).

Também será pedido que o ponto dos grevistas não seja descontado e que haja negociações a esse respeito no final da greve. Segundo o sindicato, no dia 26 de maio, funcionários grevistas da Cocesp (Coordenadoria do Campus da Capital) e da Coseas (Coordenadoria de Assistência Social) tiveram o ponto cortado. Para a próxima terça-feira (1º), foi marcada uma passeata, às 10h, que sairá da reitoria da USP e seguirá até a Avenida Vital Brasil.

Os funcionários estão em greve desde o dia 5 de maio e há, segundo o Sintusp, sete prédios impedidos de funcionar. A reitoria só foi "lacrada" na terça-feira desta semana. Segundo a reitoria, as atividades não foram interrompidas, apenas foram transferidas para outros locais.
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