Estudantes da UFRJ pedem reunião com reitor para desocuparem o Canecão
No segundo dia de ocupação da antiga casa de shows Canecão, em Botafogo, zona sul do Rio, os estudantes da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), reafirmaram que só deixam a antiga casa de espetáculos após serem recebidos pelo reitor da universidade, Carlos Levi. Os alunos querem a transformação do Caneção em um espaço cultural gratuito com viés popular.
“Queremos que o estudante da UFRJ possa ter um espaço pra apresentar teatro, que o estudante de artes tenha um espaço pra expor seu trabalho. Queremos um fórum paritário para que estudantes e professores tenham igual poder de decisão sobre o uso do Canecão”, disse a estudante de letras e membro do DCE (Diretório Central Acadêmico), Priscila Branco, 20.
Segundo o DCE, cerca de 200 estudantes ocuparam na noite de ontem (24) o Canecão. Durante o dia de hoje, os alunos se revezavam em turnos. Enquanto a reportagem do UOL Educação esteve no local na tarde desta quarta-feira (25), cerca de 60 estudantes estavam ocupando a extinta casa de shows. Dois seguranças da UFRJ permaneciam na parte interna da casa, sem intervir no protesto dos estudantes.
“Ontem à noite a gente fez um “ratatá” [rateio]. Cada um deu cinco reais . A associação de docentes [Adufrj], está ajudando a gente na compra de quentinhas”, disse o estudante Leandro Santos, 24.
Os alunos pedem ainda melhorias na estrutura oferecida aos estudantes pela UFRJ. “Queremos também que a reitoria atenda nossos pedidos de melhoria à assistência estudantil. Nosso alojamento está caindo aos pedaços. Queremos bandejão em todos os campi. Os campi de Macaé e Xerém estão caindo aos pedaços”, disse a representante do DCE.
No local onde antes ficava a logomarca do Canecão, os estudantes estenderam uma faixa contra o Reuni. Pedem 10% do PIB para a educação e que o governo sente à mesa com os professores grevistas para negociação. Os estudantes são ainda contra à adesão da UFRJ ao projeto da EBSERH (empresa pública criada pelo governo federal para a gestão dos recursos humanos na área de saúde). Para os alunos a medida é a privatização da saúde.
Procurado pela reportagem do UOL, o reitor da UFRJ , Carlos Levi, não respondeu ao contato.
CANECÃO
O imbróglio sobre a posse do Canecão data dos anos 60. O terreno pertencia à ASCB (Associação dos Servidores Civis do Brasil). Em 1967, a associação alugou a área para a casa de shows. Entretanto, a União concedeu no mesmo ano o terreno para a UFRJ, anulando a cessão do terreno para a ASCB.
Em 2007, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a posse do terreno onde ficava o Canecão como da UFRJ. Porém, o impasse perdurou mais três anos até a Justiça Federal do Rio de Janeiro devolver definitivamente a área à universidade.
Contudo, o problema parece não ter fim, desde então os antigos donos da casa de shows deixaram no prédio móveis e objetos. A UFRJ informou já ter pedido aos donos a retirada dos pertences. Passados dois anos, mesas, cadeiras continuam sem destino.
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