Com salários atrasados, docentes de AL montam sala de aula em frente à Secretaria de Educação
Com oito meses de salários atrasados e sem a perspectiva de receber qualquer pagamento retroativo, professores contratados para ministrarem aulas em assentamentos de sem terras em Alagoas fizeram um protesto em Maceió, nesta quarta-feira (21), em frente à SEE (Secretaria de Estado da Educação e do Esporte).
A CPT (Comissão Pastoral da Terra) levou alunos do ensino fundamental e do EJA (Educação de Jovens e Adultos) para assistirem aulas em frente à secretaria, e assim, tentar sensibilizar o governo do Estado para dar mais celeridade na assinatura de contrato dos cinco monitores que trabalham nos assentamentos nos municípios de Murici, Messias e Olho d’Água.
A comissão conseguiu carteiras escolares para acomodar 28 estudantes em frente ao portão da SEE e os professores usaram a parede do prédio para colocar a lousa e ministrarem as aulas. As aulas ocorrem nos períodos matutino e vespertino.
Comissão Pastoral da Terra levou alunos do ensino fundamental e da Educação de Jovens e Adultos para assistirem aulas em frente à secretaria
“Além dos salários atrasados dos professores os alunos estão prejudicados por falta de material escolar. Não recebemos sequer o lápis ou caderno para eles escreverem. Estamos com a boa vontade de continuar o trabalho, mas está sendo difícil se manter sem receber salário há oito meses”, disse a educadora Edcleide Rocha da Silva, que trabalha no assentamento Muvuca, localizado na zona rural de Murici.
A professora ressaltou que os professores que trabalham nos assentamentos “confiaram na promessa do governo do Estado em firmar o contrato, mas nada foi cumprido.”
Segundo a Pastoral da Terra, o ano letivo nas escolas dos assentamentos começou mesmo sem a celebração do convênio que manteria os salários dos professores, “com a promessa de que o contrato iria ser renovado no dia 30 de março.”
“Foi prometido que em março estariam resolvendo a questão dos contratos, mas já estamos quase no fim do ano letivo e nada. Nenhum professor recebeu salário e estão trabalhando com ajuda da comunidade e até por conta própria para não deixar os estudantes desassistidos”, afirmou Carlos Lima, coordenador da Pastoral da Terra.
O outro lado
O UOL entrou em contato com a SEE e foi informado de que o órgão aguarda uma documentação que será enviada nesta quinta-feira (22) pela PGE (Procuradora Geral do Estado) sobre a decisão de renovar ou não o contrato com os professores dos assentamentos.
Questionada sobre o atraso salarial, a SEE afirmou que não sabe se os professores vão receber pagamento retroativo aos oito meses que trabalharam sem receber salário. A SEE destacou ainda que o “interesse da secretaria é renovar, mas aguarda a avaliação da procuradoria.”
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