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Enem 2012 teve desclassificação, parto e problemas de segurança corrigidos

Do UOL, em São Paulo

04/01/2013 06h00

Após três anos de confusões e erros que abalaram a credibilidade da prova, o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) não teve grandes problemas em 2012. Nos dias 3 e 4 de novembro, mais de 4 milhões de pessoas realizaram o exame que desde 2009 se tornou uma das principais portas de entrada para o ensino superior.  Em 4 e 5 de dezembro, foi a vez dos presos e jovens que cumprem medidas socioeducativas – foram cerca de 24 mil inscritos nessa categoria, recorde na história do exame.

Este foi o primeiro Enem na gestão de Aloísio Mercadante como ministro da Educação, depois de Fernando Haddad ter deixado o cargo para disputar a Prefeitura de São Paulo. O exame foi cercado por um forte esquema de segurança, com a participação do Exército e o uso de lacres eletrônicos, para evitar a repetição de casos como o furto dos cadernos de prova, que levou ao adiamento do exame em 2009.

Apesar disso, o Enem não conseguiu ficar completamente imune a polêmicas. Diversos candidatos foram desclassificados sumariamente por postarem fotos da prova na internet, o que era proibido pelo edital. Mercadante chegou a comparar os responsáveis pela publicação das fotos com “pichadores eletrônicos”.

A exigência de rigor máximo do MEC (Ministério da Educação), no entanto, acabou fazendo uma vítima: a estudante Jaqueline Chen, 16, de São Paulo, foi confundida com uma homônima de Mogi das Cruzes que havia publicado fotos do exame e foi eliminada da prova por engano.

Histórico de problemas

  • 2009

    Furto da prova

    O Enem foi furtado de dentro da gráfica. A prova foi adiada

  • 2010

    Erros de impressão

    Os cabeçalhos dos gabaritos saíram da gráfica trocados

  • 2011

    Vazamento

    Alunos em Fortaleza tiveram acesso antecipadoa questões

    Logo na sequência, o ministério reconheceu o erro. Mercadante ligou para a estudante para pedir desculpas e garantir que ela poderia, se quisesse, fazer a prova no mesmo dia em que os candidatos privados de liberdade.

    O telefonema, contudo, não colocou um ponto final no caso. A estudante entrou na Justiça e conseguiu uma liminar que obrigou o MEC a marcar uma nova data para ela fazer o exame. O advogado da jovem alegou que ela foi notificada com apenas três dias de antecedência e que se a data fosse mantida, a estudante seria punida duas vezes. O Ministério recorreu da decisão, mas Jacqueline acabou fazendo a prova nos dias 20 e 21 de dezembro.

    O bebê Enem

    A prova desse ano do Enem também ficou marcada por um caso inusitado. Uma estudante de 17 anos deu à luz no banheiro da escola onde fazia a prova. Pâmela de Oliveira Lescano, de Sirolândia (a 60 km de Campo Grande), disse que não sabia que estava grávida. Ela entrou na sala de prova por volta das 11h para fazer o exame que começaria ao meio-dia (13h em Brasília). Quinze minutos depois, ela passou mal e pediu para ir ao banheiro.

    Já em trabalho de parto, ela foi socorrida por uma auxiliar de enfermagem que atuava na fiscalização do exame. Ali ela teve o bebê. Em seguida, a estudante foi levada para o hospital da cidade. A jovem também recebeu uma ligação de Mercadante, que garantiu a ela uma nova data para fazer a prova.

    Mãe entrega filha que pediu cola

    Outro caso curioso ocorreu em Sorocaba, no interior de São Paulo. Uma candidata foi desclassificada após a própria mãe denunciar que ela havia pedido ajuda, por meio de mensagens de texto do celular.

    Maria Lúcia Abdala foi até a escola em que a filha prestava o exame e avisou a organização sobre a conduta da estudante, que chegou a pedir que a mãe fizesse a redação e lhe enviasse o texto pelo celular.

    A mulher disse que manteve contato com a filha durante mais de uma hora para mostrar o despreparo dos fiscais que vigiam a sala de aula. "Jamais passaria qualquer resposta. Isso é injusto com os demais alunos que se preparam", disse Maria Lúcia.

    Mais conteúdo

    Do ponto de vista acadêmico, o Enem 2012 manteve a tradição de ser uma prova que demanda mais raciocínio lógico e interpretação de textos, embora tenha aumentado a exigência de conhecimentos específicos nas disciplinas de exatas.

    O tema da redação foi o "Movimento Imigratório para o Brasil no século XXI", que pedia aos candidatos uma reflexão sobre o fluxo de imigração de bolivianos e haitianos para o Brasil nos últimos anos. Para professores de cursinhos pré-vestibular, o tema proposto exigiu senso crítico e boa capacidade de argumentação.