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Com obras paradas na UFF, alunos têm de passar por "quarteirão do perdeu"

Entrega de prédio da UFF está atrasada em mais de dois anos - Divulgação
Entrega de prédio da UFF está atrasada em mais de dois anos Imagem: Divulgação

Giuliander Carpes

Do UOL, no Rio

13/09/2013 14h50

Uma obra atrasada em mais de dois anos prejudica os alunos da UFF (Universidade Federal Fluminense), em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro. A construção do novo prédio do IACS (Instituto de Artes e Comunicação Social) , que deveria ter sido entregue em abril de 2011, está abandonada. Enquanto isso, os estudantes usam um casarão antigo improvisado e são obrigados a transitar por uma região perigosa do bairro São Domingos.

“O local onde o IACS está hoje é conhecido como o ‘quarteirão do perdeu’. Os assaltos se sucedem. Já tivemos violências inaceitáveis. Um diretor foi assaltado no portão do instituto às 14h. Por duas vezes estacionaram um caminhão na frente do casarão e levaram todo o equipamento dos laboratórios”, afirma o professor de jornalismo Ildo Nascimento, ele mesmo uma vítima de assaltos duas vezes - numa vez lhe tiraram a bicicleta. 

O futuro prédio do IACS fica no Campus Gragoatá. A construção, segundo o próprio site do instituto, começou em abril de 2010. Mas o abandono resultou em vegetação cobrindo boa parte do local que já era para estar sendo frequentado pelos alunos dos cursos de Jornalismo, Cinema, Publicidade e Propaganda, Produção Cultural, Estudos de Mídia e Ciências da Informação.

Nascimento, que ingressou no IACS em 1992, relata que já na época se falava sobre a necessidade de fazer a obra em Gragoatá. “Como uma forma de boas vindas, o então diretor do instituto me mostrou uma maquete”, lembra. Ele visitou a obra abandonada durante esta semana. Gravou um vídeo, tirou fotos e divulgou o material no Facebook para tentar mobilizar os alunos a pressionarem a direção da UFF a tomar providências para a conclusão do prédio.

  • Divulgação/Diretório Acadêmico de Comunicação

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A direção do IACS já entrou em contato com a reitoria da universidade diversas vezes exigindo uma explicação. Segundo a professora Sylvia Moretzsohn, a mais convincente foi de que a obra foi parada porque a empresa responsável não havia feito um estudo do solo antes de começar a construção do prédio. “Como se sabe, o Campus Gragoatá foi feito sobre uma região de aterro. Agora aquela obra tende a se depreciar.”

Descaso

Um vídeo no próprio site do IACS indica que seriam investidos R$ 17 milhões na construção do novo prédio, que duraria um ano. A direção da universidade foi procurada, mas não se manifestou. Em 2010, na eleição para a reitoria da UFF, Roberto Salles foi mantido no comando da universidade com 68,8% dos votos, mas ficou com menos de 20% dos eleitores do instituto.   

Assim como outras unidades da UFF, o IACS chegou a utilizar contêineres durante a administração de Salles. Após um deslizamento, em 2010, foi necessária uma solução de emergência já que laboratórios práticos foram interditados. A iniciativa foi mal recebida pelos alunos e professores.