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Questões do Enem não têm mesmo valor; entenda o sistema 'antichute'

Suellen Smosinski*

Do UOL, em São Paulo

23/10/2013 06h00Atualizada em 16/05/2014 12h40

Os estudantes que fazem as provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) podem conferir os gabaritos alguns dias depois do exame, mas só saberão sua nota quando for divulgado o resultado individual, já que a correção do exame é feita pela TRI (Teoria de Resposta ao Item).

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A TRI não contabiliza apenas o número total de acertos no teste, leva em conta a dificuldade de cada questão. Um item com baixo índice de acertos tem mais peso na pontuação final, aqueles com alto índice de acertos contam menos pontos na nota final do candidato

Além disso, o sistema 'antichute' consegue perceber quando a resposta não é compatível com o nível de conhecimento demonstrado pelo aluno e reduz a pontuação da questão. 

Renato Júdice, diretor acadêmico do sistema de ensino UNO Internacional, afirma que a forma de calcular o resultado da TRI é bastante complexa, mas que o importante é o candidato entender o lado pedagógico, a informação do que é preciso melhorar a partir da nota obtida. 

Para explicar a TRI de maneira mais simples, Júdice compara o sistema a uma consulta oftalmológica: “O médico coloca uma lente atrás da outra e pede para você ler as letras. Ele conhece o grau de cada lente. Ele não quer saber quantas letras você acertou, ele quer descobrir o seu grau, algo interno a você. Como ele não tem acesso direto a isso, ele usa algo externo e dependendo do padrão ele vai te posicionar em uma escala. É isso que a TRI faz”, explica.

“Eu apresento uma série de questões como se fossem lentes, dependendo daquelas que ele acertar eu vou saber o grau do aluno, dependendo do acerto eu sei se ele melhorou ou piorou em leitura, em matemática e em outras competências”, compara Júdice.

Na prática, funciona assim: uma questão que teve baixo índice de acertos é considerada “difícil” e, portanto, tem mais peso na pontuação final. Aquelas que têm alto índice de acertos são classificadas como “fáceis” e contam menos pontos na nota final do candidato. Dessa forma, dois participantes que acertaram o mesmo número de itens poderão ter médias finais diferentes, dependendo do nível de dificuldade de cada uma dessas questões.

Também não é possível comparar o número de acertos nas provas de diferentes áreas do conhecimento. Se um aluno acerta a mesma quantidade de itens nas provas de matemática e ciências humanas, por exemplo, não significa que a pontuação obtida será igual. Isso porque o nível de dificuldade de cada prova e dos diferentes itens que a compõem afetam esse cálculo final.

Sistema 'antichute'

A TRI consegue até mesmo identificar o famoso “chute”. Segundo Júdice, se um candidato só acerta questões até o nível 300, depois erra tudo e acerta uma única questão de um nível maior, o modelo encara essa questão com um peso menor, pois considera que ela não mostra muito bem o nível do aluno, já que no restante da prova ele está abaixo.

“O chute não vai piorar a nota, em última instância você pode até acertar algumas questões. Existe o acerto casual. Minha recomendação é que o aluno faça tudo, mesmo que não tenha certeza. Vá primeiro nas questões que tem mais segurança, mas tente fazer toda a prova, é o melhor”, afirma.

Notas máximas e mínimas

Após a divulgação do resultado individual de cada candidato no Enem, o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) também publica as notas máximas e mínimas de cada área da prova. Essas notas servem como parâmetro para o inscrito saber se foi bem ou mal no exame, já que não existe 0 ou 1.000 nas provas de múltipla escolha.

A única parte da prova que não usa a TRI para a correção é a redação. Nela é possível o candidato tanto zerar como conseguir nota 1.000.

Enem 2012: Escala de proficiências máximas e mínimas

 Ciências humanasCiências da naturezaLinguagens e códigosMatemática
Mínima

295,6

303,1

295,2

277,2

Máxima

874,9

864,9

817,9

955,2

Em 2012, as notas dos inscritos em ciências humanas saíram de 295,6 e chegaram a 874,9 (e foram mais altas que as de 2011:  252,6 e 793,1 respectivamente). Em ciências da natureza, a mínima foi de 303,1 e a máxima alcançou 864,9 pontos (a nota máxima foi 867,2 e a mínima, 265 em 2011). Em linguagens e códigos, o inscrito com o pior desempenho tirou 295,2 e o com melhor nota, 817,9 (a nota mais alta foi 795,5 pontos e a menor 301,2 pontos em 2011). Na área de matemática, a nota mais baixa foi 277,2 e a mais alta, 955,2 (em 2011, a pontuação mínima foi 321,6 e a máxima 953).

De acordo com o Inep, os participantes que deixam a prova em branco ou erram todas as questões da prova recebem a nota mínima correspondente ao seu caderno de prova, conforme a TRI. Dessa forma, a nota mínima não é zero e a nota máxima não é 1.000.

* Com informações da Agência Brasil