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Com fim da ditadura, desfile de 7 de setembro deixou de ser obrigatório

Alunos da Escola Paroquial "São José" (Juiz de Fora/MG) participam do desfile cívico de 7 de setembro. Também tem fotos? Mande para o UOL - Você Manda/Enviado por Marcelo Lemos
Alunos da Escola Paroquial "São José" (Juiz de Fora/MG) participam do desfile cívico de 7 de setembro. Também tem fotos? Mande para o UOL Imagem: Você Manda/Enviado por Marcelo Lemos

Suellen Smosinski

Do UOL, em São Paulo

07/09/2014 07h00

Quem foi estudante na época do Estado Novo ou da ditadura militar dificilmente escapou de participar dos desfiles de 7 de setembro como atividade escolar. Até hoje, algumas instituições de ensino ainda organizam esse tipo de comemoração cívica para comemorar a data, mas nos regimes autoritários os festejos da Independência do Brasil eram uma obrigação, segundo professores de história ouvidos pelo UOL.

“Eu me lembro de ter que desfilar no 7 de setembro. No período da ditadura militar você tem como marca do regime um nacionalismo extremado. Em 1972 foi comemorado o sesquicentenário [150 anos] do 7 de setembro em plena ditadura militar. Existia um espetáculo de luz e som que as escolas tinham que assistir, era um espetáculo do processo da independência contada como um grande marco nacional. Era feito no Museu Paulista, conhecido como Museu do Ipiranga”, lembra Tania Regina de Luca, professora do departamento de história da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Assis.

Para a professora, o dever de desfilar e comemorar a data com pompa não aumentava ou diminuía o patriotismo dos alunos: “Você fazia porque era obrigado a fazer”. “No Estado Novo, na época do Getúlio Vargas (1937-1945), muito provavelmente esse tipo de desfile e comemorações cívicas também tinham uma força muito grande”, afirma.

“Com o fim do Estado Novo é compreensível que o país tenha diminuído um pouco a ênfase nacionalista, mas não houve nenhuma ruptura, continua havendo a necessidade de funcionários e estudantes participarem das manifestações e dos desfiles. Já com o fim do regime militar os desfiles passam a não ser mais obrigatórios nas escolas, faz parte do projeto de cada instituição decidir se faz ou não”, complementa o professor de história da UnB (Universidade de Brasília) Jaime de Almeida.

De acordo com Tania, as ditaduras tinham interesse em fazer grandes comemorações para datas como o 7 de setembro para fortalecer o regime. “Hoje esse tipo de comemoração perdeu força no regime democrático. Claro que existe o desfile oficial dos governos, mas é uma coisa mais militar e governamental, não é como colocar todas as crianças da escola na rua para desfilar”, explica.

O professor da UnB acredita que hoje predomina a possibilidade de alternância e rodízio entre escolas.  “Lembro de ter visto um desfile de 7 de setembro em uma cidade no interior de Goiás que era festejado de maneira bem empolgante, com banda, crianças vestindo roupas bonitas, mas se tratava de alguns colégios particulares”, afirma.